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Papa responde escritora de livros infantis com casais gays

A escritora enviou ao papa 30 de seus livros e pediu que os lesse e comprovasse que não debatiam ideologia do gênero


	O papa Francisco: em carta, o papa envia a bênção apostólica à família da escritora, que junto com sua companheira é mãe de quatro filhos
 (Giampiero Sposito/Reuters)

O papa Francisco: em carta, o papa envia a bênção apostólica à família da escritora, que junto com sua companheira é mãe de quatro filhos (Giampiero Sposito/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2015 às 11h31.

Roma - O Papa Francisco respondeu com uma carta, assinada pela Secretaria de Estado, à Francesca Pardi, escritora italiana de livros infantis que inclui famílias compostas por pais gays, e que tinham sido retirados das bibliotecas de Veneza.

A escritora, que junto com sua companheira é mãe de quatro filhos, enviou ao papa 30 de seus livros e pediu que os lesse e comprovasse que não debatiam ideologia do gênero, que unicamente pretendem ser um meio para evitar a discriminação das crianças, entre eles os filhos de casais homossexuais.

Além disso, garantiu que esse gesto era uma tentativa de "iniciar uma mudança nos tons que são usados sobre o tema de outras famílias".

Seis livros desta escritora, junto com outros 43 de outros autores, tinham sido retirados das bibliotecas das escolas de Veneza por ordem do prefeito, Luigi Brugnaro, que afirmou que divulgavam a ideologia de gênero.

A denominada "ideologia ou teologia de gênero" sustenta que não existem diferenças biológicas entre homens e mulheres, e foi criticada várias vezes pelo papa Francisco, tachada de "colonização ideológica".

A carta, assinada pelo membro da Secretaria de Estado vaticana Peter B.Wells, diz que o papa "está agradecido pelo delicado gesto e os sentimentos que o sugeriram" e "deseja uma profícua atividade à serviço das jovens gerações e da divulgação dos autênticos valores humanos e cristãos".

Além disso, o papa envia a bênção apostólica à família da escritora.

A publicação desta carta e as declarações da escritora foram interpretadas por alguns como uma "bênção" às famílias homossexuais.

Por isso, o vice-diretor da sala de imprensa do Vaticano, Ciro Benedettini, emitiu um comunicado em que explicou que a Secretaria de Estado respondeu "com um estilo simples e pastoral" à carta de Francesca Pardi, "de tom educado e respeitoso", .

O Vaticano especificou que se tratava "de uma resposta privada e não destinada à publicação" e lamentou que isto "infelizmente tenha acontecido".

Além disso, segundo o comunicado, "em nenhum momento a carta aprova comportamentos e doutrinas que não estão conformes com o Evangelho".

"A bênção do papa é à pessoa e não às doutrinas que não estão conformes com a doutrina da Igreja, como a ideologia de gênero, e não cabe qualquer instrumentalização do conteúdo desta carta".

Francesca Pardi é fundadora, junto com sua companheira, Maria Silvia Fiengo, da editora de literatura infantil "Lo Stampatello" e autora de livros como "Piccola storia diz uma famiglia: perchè hai due mamme?" ("Pequena história de uma família. Por que tem duas mães?") e "Piccolo Uovo" ("Pequeno ovo"), que recebeu o prêmio internacional Anderson em 2012.

A ordem de retirar estes livros das bibliotecas de Veneza provocou a indignação de várias associações e coletivos homossexuais.

A decisão também foi criticada pelo cantor britânico Elton John, homossexual e pai de duas crianças, que chamou o prefeito de grosseiro e intolerante em mensagem publicada em sua conta no Twitter.

Brugnaro respondeu também com um tuíte, que dizia que se o cantor quisesse se preocupar com Veneza que "abrisse o bolso" e fizesse doações.

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