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Papa realiza visita a México e Cuba a partir de sexta-feira

Bento XVI realiza uma peregrinação muito aguardada tanto pelos governantes como pela hierarquia católica da região

Papa realiza uma peregrinação muito aguardada tanto pelos governantes como pela hierarquia católica da região (Vincenzo Pinto/AFP)

Papa realiza uma peregrinação muito aguardada tanto pelos governantes como pela hierarquia católica da região (Vincenzo Pinto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2012 às 17h54.

Cidade do Vaticano - O papa Bento XVI realizará na sexta-feira a sua segunda viagem à América Latina e a primeira a México e Cuba, durante a qual deverá abordar temas espinhosos na região, da violência do narcotráfico ao crescimento econômico e à desigualdade social.

Durante os seis dias em que permanecerá na América Latina, a região mais católica do planeta, de 23 a 28 de março, o pontífice, que fará 85 anos no dia 16 de abril, seguirá um programa leve, marcado por horas de descanso e poucos atos públicos.

O papa alemão, que visitou pela primeira vez a América Latina em 2007 em ocasião da V Conferência da Celam realizada no Brasil, realiza uma peregrinação muito aguardada tanto pelos governantes como pela hierarquia católica da região, que reúne pouco mais de um quarto dos 1,3 milhão de católicos do planeta.

Para recuperar a relação com milhões de católicos latino-americanos de língua espanhola, que se consideram esquecidos após a morte de João Paulo II, o Papa escolheu dois países muito diferentes, com os quais a Igreja teve durante o último século relações complexas e, em algumas ocasiões, difíceis.

"O Papa vem a saldar uma dívida com a América Hispânica", reconheceu recentemente à imprensa local, o cardeal mexicano Juan Sandoval Iñiguez, arcebispo emérito de Guadalajara e uma das autoridades mais influentes e conservadores da Igreja de seu país.

"Os países da América Latina de língua espanhola desejavam uma viagem para eles", ressaltou o porta-voz do Papa, padre Federico Lombardi.

A necessidade de revitalizar a relação com os católicos da América Latina é evidente frente ao declínio constante do número de católicos nos últimos anos, segundo as últimas estatísticas oficiais da Santa Sé.

Dar uma resposta ao surgimento das seitas e ao lento e inexorável avanço da secularização é uma das prioridades da viagem do Papa, que deve voltar ao Brasil em 2013 para a Jornada Mundial da Juventude, tradicionalmente presidida pelo pontífice.

No México, segundo país com maior número de católicos (cerca de 93 milhões, 83% da população) e primeira etapa da viagem papal, Bento XVI homenageará em León (centro) a Virgem de Guadalupe, padroeira da América Latina e se reunirá com todos os presidentes das conferências episcopais do continente.

Em um país assolado pela violência do narcotráfico, o Papa fará um apelo à paz, à reconciliação e deverá condenar a corrupção, os assassinatos, os movimentos migratórios ilegais e a desigualdade econômica.


O Papa será recebido no dia 23 de março no aeroporto de León pelo presidente do México, Felipe Carderón, com o qual se reunirá no dia seguinte. Depois presidirá um ato com milhares de crianças na Praça da Paz de Guanajuato.

Com o lema de "Peregrino da Caridade", o Papa chegará na segunda-feira, 26, a Cuba, onde permanecerá até 28 de março.

A viagem coincide com o ano do IV Centenário da descoberta da imagem da Virgem da Caridade do Cobre, a padroeira da ilha.

Em sua primeira visita a Cuba, a segunda de um pontífice após a realizada em 1998 por João Paulo II que suavizou as tensas relações com o regime comunista, o Papa visitará primeiro Santiago de Cuba e depois Havana.

No país menos católico do continente, oficialmente ateu, que conta apenas com 10% de católicos de 11,2 milhões de habitantes, o Papa se reunirá no dia 27 de março com o presidente Raúl Castro.

Nessa ocasião é possível que se reúna no Palácio da Revolução com o carismático e ex-"Líder Máximo", Fidel Castro, que se distanciou do poder há cinco anos.

Qualquer palavra do Papa na ilha comunista será cuidadosamente analisada para que não afete as boas relações entre o Estado e a influente hierarquia da Igreja, muito ativa em nível social.

Bento XVI, importante teólogo que confrontou a Teologia da Libertação quando dirigia como cardeal Joseph Ratzinger a Congregação para a Doutrina da Fé, quer evitar que sua mensagem seja usada tanto pelo regime como pela oposição.

Como gesto de boa vontade, o regime libertou vários prisioneiros políticos e decretou recesso e flexibilidade trabalhista nas províncias de Santiago de Cuba e Havana para que os trabalhadores possam assistir à chegada e às missas do Papa.

A visita papal será concluída em 28 de março com uma missa na Praça da Revolução José Martí, com capacidade para um milhão de pessoas, a mesma onde João Paulo II reuniu há 14 anos uma multidão depois de ter pedido que "Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba".

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