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Papa pede nova mentalidade na Igreja para acompanhar mudanças da sociedade

Francisco advertiu os cardeais contra "rigidez e a tentação de refugiar-se no passado", já que o momento pede "mudanças significativas"

Papa Francisco: grupo de seis cardeais próximos ao papa Francisco está a ponto de terminar a elaboração de uma nova Constituição que administrará o futuro da Cúria Romana (Stoyan Nenov/Reuters)

Papa Francisco: grupo de seis cardeais próximos ao papa Francisco está a ponto de terminar a elaboração de uma nova Constituição que administrará o futuro da Cúria Romana (Stoyan Nenov/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de janeiro de 2020 às 14h13.

Última atualização em 2 de janeiro de 2020 às 14h18.

São Paulo — O papa Francisco pediu neste sábado à Cúria Romana, o governo da Igreja, uma "profunda mudança de mentalidade" no contexto de um Ocidente em processo de descristianização.

"Não estamos mais no cristianismo, não estamos! Já não somos os únicos hoje a produzir cultura, nem os primeiros nem os mais ouvidos", afirmou o pontífice em sua tradicional felicitação à Cúria.

"Já não estamos mais em um regime de cristianismo porque a fé, especialmente na Europa, mas também em grande parte do Ocidente, não constitui mais um orçamento para conviver juntos. Pior ainda, (a fé) é negada, burlada, marginalizada e ridicularizada", disse o papa argentino diante de seus principais cardeais.

Esta "mudança de época obriga a uma mudança de mentalidade pastoral", completou o primeiro pontífice latino-americano da história, que desde sua eleição em 2013 tenta reformar as estruturas internas da Cúria.

Francisco advertiu ainda contra a rigidez e a tentação de refugiar-se no passado, no momento em que devem ser feitas "mudanças significativas".

Um grupo de seis cardeais próximos ao papa Francisco está a ponto de terminar a elaboração de uma nova Constituição que administrará o futuro da Cúria Romana e que substituirá um texto precedente promulgado por João Paulo II em 1988.

O papa também anunciou neste sábado a limitação a cinco anos, eventualmente renovável, do posto de decano do Colégio de Cardeais, que preside esta instância.

Com esta decisão, ele parece querer diminuir o poder do decano. Neste sábado aconselhou aos cardeais que escolham uma pessoa que não acumule outros postos simultaneamente dentro da Cúria.

A mudança foi anunciada ao mesmo tempo que a saída do decano atual (no posto desde 2005), o cardeal italiano Angelo Sodano, de 92 anos, que não é considerado próximo a Francisco.

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