Farrell: cardeal irlandês foi escolhido camerlengo em fevereiro de2019 (Alberto Pizoli/ AFP/AFP Photo)
Repórter Exame IN
Publicado em 21 de abril de 2025 às 12h37.
Última atualização em 21 de abril de 2025 às 12h41.
A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, 21, colocou em evidência um cargo que poucos conhecem. É o posto de camerlengo, cardeal que ocupa interinamente o posto mais alto da Igreja Católica enquanto o novo papado é definido.
Atualmente, o cargo de camerlengo é ocupado pelo cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell, de 77 anos. Doutor honorário em Direito e presidente da Suprema Corte do Vaticano, o cardeal Farrell tem um extenso currículo com atuações na América do Norte e na Europa.
Farrell foi nomeado em fevereiro de 2019 por Francisco como camerlengo da Igreja Católica, o "funcionário da câmara do soberano" que desempenha funções de cuidados com o Pontífice e o pontificado.
Além de absorver as funções do cargo máximo da Igreja, ele é o responsável por organizar o funeral e o conclave, que deve ser realizado de 15 a 20 dias após a morte do Papa.
No evento, 120 cardeais do mundo inteiro se reúnem para eleger o novo Papa, e fica sob a responsabilidade do camerlengo garantir o funcionamento e a isonomia do conclave.
O conclave é a assembleia na qual os cardeais da Igreja Católica se reúnem para eleger o novo Papa. Ele acontece no Vaticano e é convocado após a morte ou renúncia do Pontífice anterior. O nome "conclave" vem do termo em latim *cum clavis* e significa “com chave” ou “fechado à chave”.
Durante o conclave, os cardeais se deslocam diariamente até a Capela Sistina, onde acontecem as votações. Essa capela, famosa pelas pinturas de Michelangelo, tem sido o palco das eleições papais desde o século XV.
No primeiro dia, após uma missa solene chamada Pro Eligendo Papa, pode ou não haver uma rodada de votação. A partir do segundo dia, são realizadas até quatro votações diárias: duas pela manhã e duas à tarde.
Antes do voto, o cardeal deve fazer um juramento, declarando que está escolhendo quem ele acredita ser o mais digno para o cargo. Cada um escreve o nome do seu candidato numa cédula com a frase em latim Eligo in Summum Pontificem(“Elejo como Sumo Pontífice”).
As cédulas são colocadas numa urna e contadas por três escrutinadores, cardeais sorteados previamente. Depois de apurados, os votos são costurados em uma linha, formando um círculo, e queimados. A fumaça resultante — preta para "não eleito", branca para "eleito" — é o sinal visível para o mundo.
Se após três dias ninguém for escolhido, a votação é suspensa por até 24 horas para oração e reflexão. Esse ciclo pode se repetir. Até o 12º dia (no máximo 34 votações), é mantido o critério dos dois terços dos votos. A partir daí, o voto se restringe aos dois cardeais mais votados, mas ainda exige o mesmo quorum.
Assim que um cardeal alcança os dois terços dos votos, o camerlengo — responsável pelo conclave — o aborda e faz a pergunta: “Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?”. Se ele responder “accepto”, está oficialmente eleito.
É nesse momento que o novo Papa é levado para a Sala das Lágrimas.
Depois de se vestir, o novo Papa é levado até os bastidores da Basílica de São Pedro. Quem anuncia a novidade é o cardeal protodiácono, que surge na sacada da basílica e diz a famosa frase: “Habemus Papam!” – “Temos um Papa!”
Em seguida, ele revela o nome de batismo do novo pontífice e o nome papal que ele escolheu.
Logo depois, o novo Papa aparece pela primeira vez diante dos fiéis reunidos na Praça de São Pedro e oferece sua bênção apostólica. Assim começa um novo pontificado.
Com informações da agência O Globo