Papa Francisco: "eu quero ir para lá [Iraque]. Conversei com o patriarca Sako, convidei o cardeal Filoni, mas no momento não é possível" (Filippo Monteforte/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 08h53.
Durante o voo entre Istambul, na Turquia, e Roma, na Itália, o papa Francisco conversou por mais de 45 minutos com os jornalistas que acompanharam sua visita à Turquia e revelou que gostaria de visitar o Iraque.
"Eu quero ir para lá. Conversei com o patriarca Sako, convidei o cardeal Filoni, mas no momento não é possível. Não porque eu não quero. Mas, se fosse nesse momento, criaria um problema sério de segurança para as autoridades. Mas, eu gostaria muito", disse o líder da Igreja Católica.
Ele já enviou o cardeal Filoni para verificar as condições dos cristãos no Iraque, que estão sendo seriamente perseguidos pelos terroristas do Estado Islâmico. O Papa, sempre que possível, critica a postura dos extremistas e pede que a comunidade internacional reaja - não só com armas - ao avanço do grupo tanto no Iraque como na Síria.
Para os repórteres, Jorge Bergoglio voltou a reafirmar que o mundo vive "uma terceira guerra mundial em pedaços, em capítulos, por todos os lugares" e causa diversas "inimizades, problemas políticos e econômicos". "[Eles querem] salvar este sistema onde o deus dinheiro está no centro, não a pessoa. E ainda há os problemas comerciais. O tráfico de armas é terrível e um dos negócios mais fortes desse momento.
Os conflitos se multiplicam porque as armas são dadas a eles. No ano passado, em setembro, todos diziam que a Síria tinha armas químicas. Eu acredito que a Síria não estava em situação de ter armas químicas. Quem as vendeu? Talvez alguns daqueles que acusavam o país de tê-las. Esse negócio de armas é um mistério", desabafou Bergoglio.
Ele ainda aproveitou para criticar que, com tudo que está vendo no mundo, a "humanidade não aprendeu nada com Hiroshima e Nagasaki", as cidades onde as bombas atômicas explodiram durante a Segunda Guerra Mundial.
Continuando a falar sobre as guerras e os conflitos armados, o Papa contou uma parte de suas conversas com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
"Eu disse para ele que seria bonito se todos os líderes islâmicos, os líderes políticos, religiosos, acadêmicos condenassem claramente o terrorismo e falassem que isso não é o Islã", ressaltou.
De acordo com o sucessor de Bento XVI, há a necessidade de uma condenação mundial que os "islâmicos digam claramente, 'nós não somos isso, isso não é o Alcorão".
Ele também comentou que, com muitos muçulmanos que ele fala, eles dizem 'não somos isto, o Alcorão é um livro de paz' e disse que acredita muito nessas afirmações.
Ainda sobre a viagem à Turquia, o Papa revelou que queria visitar um campo de refugiados, mas que isso não foi possível por causa do pouco tempo que ficou no país. Por isso, foi marcado um encontro com mais de 100 refugiados atendidos pelo Oratório Salesiano, em Istambul.
Francisco explicou ainda aos jornalistas sua intenção de reunificar a Igreja Católica e as igrejas ortodoxas. Após Bartolomeu I, patriarca de Constantinopla, também querer essa união, o líder dos católicos afirmou que tem perspectivas de um encontro com o Patriarcado de Moscou.
"Sobre o patriarca de Moscou, Krill, eu quis que ele soubesse e ele ficou de acordo com um encontro entre nós. 'Você me chama e eu vou', disse para ele. E ele tem a mesma vontade. Mas, nesses últimos meses com o problema da guerra e com tantos problemas que existem, o encontro com o Papa passou para segundo plano", explicou o Pontífice reforçando que a reunião pode ocorrer em breve.