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Papa Francisco abre Assembleia Geral para pensar sobre futuro da Igreja; veja principais pontos

Durante quatro semanas, os 464 participantes, 365 deles com direito a voto, se reunirão diariamente no Vaticano

O resultado destes trabalhos será entregue ao papa, que poderá levá-lo em consideração para introduzir medidas no governo da Igreja mundial (AFP/AFP)

O resultado destes trabalhos será entregue ao papa, que poderá levá-lo em consideração para introduzir medidas no governo da Igreja mundial (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 2 de outubro de 2023 às 09h57.

O papa Francisco abre nesta quarta-feira, 4, no Vaticano, a 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o ápice de uma ampla consulta mundial sobre o futuro da Igreja católica, por meio da qual pretende instaurar um funcionamento menos piramidal.

Durante dois anos, os cerca de 1,3 bilhão de católicos do mundo foram convidados a expressar sua visão sobre a Igreja e sobre questões como o acolhimento de pessoas LGBTQIA+ e de pessoas divorciadas, a poligamia, o casamento de padres, o lugar das mulheres na instituição, ou a luta contra a pedofilia.

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"É um grande espaço de reflexão da Igreja, sobre o seu modo de ser e de proceder", resume o secretário especial desta assembleia, o padre italiano Giacomo Costa, em conversa com a AFP.

Durante quatro semanas, os 464 participantes, 365 deles com direito a voto, se reunirão diariamente no Vaticano, divididos em grupos de reflexão em cinco idiomas. Entre eles, há 54 mulheres.

O resultado destes trabalhos será entregue ao papa, que poderá levá-lo em consideração para introduzir medidas no governo da Igreja mundial.

A principal novidade deste encontro desta instituição consultiva criada por Paulo VI em 1965 é que laicos e mulheres participarão dos trabalhos e poderão votar, algo inédito descrito como uma "revolução".

"Entre os bispos, existe uma cultura eclesiástica. Com os laicos, isto não funcionará: eles não se contentarão com boas palavras. Haverá exigências sobre o procedimento, sobre a vontade de mudar, sobre a eficácia", diz um veterano observador da Santa Sé.

"Eles colocaram as mãos na engrenagem, e o próximo sínodo não poderá dar marcha a ré", acrescenta. "Nesse sentido, Francisco move os limites, por isso, muitos têm medo", completa.

"Tomada de consciência"

Esta mudança provocou reservas, e até críticas, entre alguns conservadores que veem um risco de desvio, como argumenta o cardeal alemão Gerhard Müller.

A assembleia geral se insere em uma reflexão de longo prazo, com uma segunda sessão marcada para outubro de 2024, o que torna difícil ver impactos concretos nas próximas semanas.

"Mesmo que não haja uma resposta concreta, questões antes consideradas como bloqueadas de antemão são, atualmente, levadas à atenção da Igreja. Já é um enorme passo em questões delicadas", confidencia uma fonte do Vaticano, destacando esta "tomada de consciência".

"Antes, não podíamos pronunciar a palavra 'homossexual'. Agora temos sobre a mesa questões que dizem respeito à homossexualidade", acrescenta esta fonte.

"Há questões sobre as quais todos já concordamos, como o lugar das mulheres na Igreja, que deve ser repensado. Mas como? E, depois, há outras questões, sobre as quais não estamos de acordo no fundo. É preciso perguntar a teólogos, especialistas, sociólogos", explica Giacomo Costa.

É dada especial atenção à delicada questão do acesso das mulheres às funções de diácono, até agora reservadas aos homens, ou à ordenação de homens casados, tema sobre o qual o papa recuou em 2019.

Esses trabalhos permitirão calibrar o equilíbrio de forças ante tais desafios, especialmente na Igreja alemã, que revelou posições radicalmente diferentes das do Vaticano.

"Não estamos aqui para reinventar outra Igreja. Devemos prestar atenção: o diálogo não é fácil, precisamos de árbitros", disse à AFP o monsenhor Christophe Pierre, cardeal instituído no sábado pelo papa.

"Muitos chegam com suas ideias, com a sua agenda. De acordo, tudo bem (...) Mas isto não é um parlamento: não vamos votar uns contra os outros. Trata-se de estarmos juntos", acrescentou.

Em uma oração com representantes de outras confissões cristãs na Praça de São Pedro, o papa pediu que o sínodo seja "um lugar onde o Espírito Santo purifique a Igreja das murmurações, das ideologias e das polarizações" e estimulou seus participantes a "caminharem juntos".

Veja os cinco pontos do sínodo da Igreja

O papa Francisco abrirá na quarta-feira, 4, no Vaticano, a 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, ponto alto de uma extensa consulta mundial sobre o futuro da Igreja Católica que terminará em 29 de outubro.
Confira abaixo cinco pontos sobre o evento:

Consulta

Durante dois anos, os quase 1,3 bilhão de católicos em todo o mundo foram convidados a expressar sua visão da Igreja e de temas da atualidade. O processo foi lançado pelo papa Francisco, que deseja implementar um funcionamento menos piramidal na Igreja Católica.

"É um grande espaço de reflexão da Igreja, sobre sua maneira de ser e de proceder", resume o secretário especial da assembleia, o padre italiano Giacomo Costa.

Para "ter um momento de discernimento mais importante", o papa decidiu dividir a assembleia do sínodo em dois tempos, com uma segunda sessão plenária em outubro de 2024.

Violência sexual, LGBT+ e mulheres

Em um documento de trabalho publicado em junho, o Vaticano apresentou as questões que serão discutidas: acolhimento de pessoas LGBT+ e de pessoas divorciadas, poligamia, padres casados, o lugar das mulheres na Igreja, violência sexual, entre outros.

Esta é a primeira vez que o Vaticano aborda tantas questões sensíveis de forma tão aberta.

"Há questões sobre as quais todos já concordamos, como o lugar das mulheres na Igreja, que deve ser repensado. Mas como? E, depois, há outras questões, sobre as quais não estamos de acordoo. É preciso perguntar a teólogos, especialistas, sociólogos", explica Giacomo Costa.

Uma atenção especial será reservada à delicada questão do acesso das mulheres às funções de diácono, até agora reservadas aos homens, ou à ordenação de homens casados, tema sobre o qual o papa recuou em 2019.

Voto das mulheres e laicos

O sínodo é uma instituição consultiva criada pelo papa Paulo VI em 1965 no âmbito do Concílio Vaticano II que se reúne regularmente em assembleias.

Depois dos sínodos sobre a família (2014 e 2015), a juventude (2018) e a Amazônia (2019), Francisco deu um passo histórico na Igreja Católica e pela primeira vez permitirá o voto das mulheres e laicos não consagrados.

"É uma mudança total em relação a Paulo VI. Desta vez, convoca-se o povo de Deus, e não os representantes", comenta um observador do Vaticano em entrevista à AFP.

"Entre os bispos, existe uma cultura eclesiástica. Com os laicos, isto não funcionará: eles não se contentarão com boas palavras. Haverá exigências sobre o procedimento, sobre a vontade de mudar, sobre a eficácia", acrescenta.

Uma agenda carregada

Durante quatro semanas, os 464 participantes, 365 deles com direito a voto, se reunirão diariamente no Vaticano, divididos em grupos de reflexão em cinco idiomas (inglês, italiano, espanhol, francês e português). Entre eles, há 54 mulheres.

Os trabalhos serão divididos em quatro módulos.

Destaca-se a participação de dois bispos chineses no contexto da delicada relação entre a Santa Sé e a República Popular, que se baseia em um acordo secreto assinado em 2018 sobre a nomeação de bispos.

O sínodo começará e terminará com uma missa presidida pelo pontífice na Basílica de São Pedro e será marcado por momentos de oração. O Vaticano decidiu limitar as comunicações sobre o conteúdo das discussões neste período.

- Risco de divergências -
A assembleia permitirá calibrar o equilíbrio de forças dentro da Igreja em relação aos desafios da instituição. A posição do clero alemão, radicalmente diferente da opinião do Vaticano, será acompanhada de perto.

A Igreja provocou uma disputa com Rom, ao exigir que o papa "reexaminasse" a questão do celibato dos sacerdotes e da ordenação das mulheres.

"No sínodo não há lugar para ideologia", alertou Francisco no início de setembro. No domingo (1º), o papa insistiu na importância do diálogo e de "caminhar juntos".

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