O papa Bento XVI: quinta-feira, citando a sua futura aposentadoria em um mosteiro no Vaticano, Bento XVI disse que "iria se esconder do resto do mundo". (REUTERS/Tony Gentile)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2013 às 16h39.
Vaticano - Eram muitas as especulações nesta segunda-feira, em Roma, sobre os candidatos favoritos para substituir Bento XVI, que se retirou no Vaticano para os tradicionais "exercícios espirituais" da Quaresma, uma semana após o anúncio histórico de sua renúncia.
Entre os prováveis "papabili" (favoritos), alguns nomes se repetem: o cardeal canadense Marc Ouellet, muito ligado ao Papa, o arcebispo de Milão Angelo Scola, o ganês Peter Turkson, o cardeal Christoph Schönborn, de Viena, e o arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer.
Em 2005, Joseph Ratzinger, então braço-direito de João Paulo II, tinha sido capaz de reunir as várias correntes, impondo-se por seu peso e incorporando a continuidade, mesmo sem desejar ser Papa.
Mas, desta vez, "não há nenhum claro favorito", considerou o vaticanista americano John Allen, do National Catholic Reporter. Segundo ele, o cardeal Ouellet "é uma fotocópia de Ratzinger", teólogo brilhante, espiritual, simples, mas tímido e pouco midiático.
No entanto, o Colégio dos Cardeais, metade formado por Bento XVI e a outra por seu antecessor, João Paulo II, pode optar, segundo ele, por um clérigo com "um perfil público atraente", no momento em que a prioridade absoluta é a "nova evangelização".
O próximo Papa precisará ter "uma mente aberta", com "a capacidade de aceitar e compreender as diferentes culturas", explicou o cardeal de Paris, André Vingt-Trois, ao jornal La Stampa.
A imprensa italiana acredita que o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, pode defender a escolha de Gianfranco Ravasi, o "ministro" da Cultura, para o posto. O prelado italiano, um dos mais brilhantes da Cúria, é um homem caloroso e midiático, mas considerado por alguns muito intelectual.
Uma antecipação da data do Conclave para em torno de 10 de março é agora uma hipótese plausível, pois os cardeais, presentes em Roma em 28 de fevereiro para saudar o Papa, vão ter tempo de sobra para se reunir.
Bento XVI deve renunciar dentro de dez dias exatamente. Ele não será visto até o próximo e último Angelus de domingo na Praça São Pedro
Ele se retirou com a Cúria para "exercícios espirituais" da Quaresma: um "oásis" para ele, depois dos dias tumultuados seguidos ao anúncio de sua renúncia, explicou Ravasi, que dirige estas meditações.
Na capela "Redemptoris Mater", 17 sessões de reflexões do cardeal Ravasi vão ocupar este tempo dedicado tradicionalmente à oração e exame de consciência neste período de preparação para a Páscoa, em 31 de março.
Em sua primeira meditação, este prelado italiano denunciou "os rumores que continuamente atacaram nossos ouvidos nos últimos dias". Ele considerou que o próximo papel de Bento XVI será o de "intercessão" para a Igreja, de seu mosteiro em uma colina no Vaticano.
Ele comparou a situação com Moisés idoso orando no monte pelo povo de Israel. Talvez, de vez em quando, "um de nós pode imitar Josué e Hour (dois próximos de Moisés) que escalavam a montanha para apoiar os braços de Moisés em oração", afirmou o cardeal, referindo-se uma famosa passagem do Livro de Êxodo.
A Cúria ainda está surpresa, e nem todos digeriram devidamente esta mudança no equilíbrio da Igreja. Alguns defendem que um Papa não pode renunciar, segundo os observadores.
Quinta-feira, citando a sua futura aposentadoria em um mosteiro no Vaticano, Bento XVI disse que "iria se esconder do resto do mundo".
De acordo com seu porta-voz Federico Lombardi, o Papa pretende dedicar-se à oração e escrita, e não vai interferir na ação de seu sucessor.
Mas apenas o fato de Bento XVI, depois de dois meses na residência de Castel Gandolfo, acomode-se em um convento especialmente montado dentro do pequeno Estado terá uma influência psicológica sobre a Cúria.
Além disso, seu secretário pessoal Georg Gänswein, que se mudará com ele para o mosteiro, deve permanecer o prefeito da Casa Pontifícia.