Vistoria papal: "Francisco quis estar presente para encorajar o trabalho do comitê", disse o jornal do Vaticano Osservatore Romano (Alberto Pizzoli/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2013 às 17h24.
Roma - O papa Francisco deixou claro nesta quinta-feira que iria supervisionar pessoalmente a reforma no problemático banco do Vaticano, comparecendo à primeira reunião de um comitê investigativo que ele criou no mês passado para lançar luz sobre os negócios financeiros obscuros da instituição.
"Francisco quis estar presente para encorajar o trabalho do comitê", disse o jornal do Vaticano Osservatore Romano, acrescentando que a reunião tinha ocorrido um dia antes.
O presidente alemão do banco, Ernst von Freyberg, também compareceu junto com o prelado monsenhor Battista Ricca, que foi nomeado no mês passado como intermediário entre o banco e o Vaticano, disse o jornal.
Os problemas do Instituto para as Obras da Religião (IOR), como o banco é oficialmente conhecido, multiplicaram mesmo no breve período desde que o papa criou o comitê, em 26 de junho.
Dois dias depois que o órgão investigativo foi criado, um importante clérigo católico com ligações com o banco foi preso por planejar ajudar amigos ricos a contrabandear 20 milhões de euros (26 milhões de dólares) em dinheiro para a Itália da Suíça.
Alguns dias depois, dois dos principais gerentes do IOR renunciaram em meio a uma investigação de lavagem de dinheiro.
Embora novos escândalos tenham surgido recentemente, o banco é conhecido por negócios escusos e sigilosos há décadas, principalmente 31 anos atrás, quando foi enredado na falência do Banco Ambrosiano, então o maior banco privado da Itália.
O presidente do Banco Ambrosiano, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado na ponte Blackfriars de Londres em junho de 1982. Embora inicialmente visto como um suicídio pelos investidores britânicos, um tribunal italiano determinou depois que ele tinha sido assassinado. Ninguém foi condenado pelo crime.
"Infelizmente, houve problemas no passado, e mesmo hoje não há escassez de dores de cabeça", disse o cardeal brasileiro Odilo Pedro Scherer na quinta-feira, em uma entrevista para o jornal Il Messaggero.
"Anjos nem sempre trabalham nessas instituições. A tentação às vezes os leva a cometer delitos", disse.
O comitê de cinco membros, que se dirige diretamente ao papa, inclui quatro prelados e uma professora de direito de Harvard.
Tem poder de obter toda a documentação e dados que pedir, driblando as regras costumeiras do Vaticano que obrigam as autoridades a respeitarem o sigilo de suas funções.