Papa Francisco conversa com o presidente de El Salvador, Mauricio Funes, após receber uma cruz de presente durante encontro no Vaticano (Alessandro Bianchi/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2013 às 13h37.
Vaticano - O presidente de El Salvador encontrou o Papa Francisco na quinta-feira para pedir que ponha o arcebispo Oscar Romero, que foi assassinado por um esquadrão da morte de extrema-direita em 1980, no caminho para a santidade católica romana.
O processo de canonização de Romero foi efetivamente paralisado pelos papas anteriores João Paulo 2º e Bento 16, que o viam como muito próximo à Teologia da Libertação, um movimento radical que enfatiza a ajuda aos pobres e a luta contra a injustiça.
O presidente Mauricio Funes disse antes de partir para Roma que principal objetivo de sua visita era apelar ao Papa para avançar com a beatificação de Romero, o penúltimo passo antes da canonização.
Romero, arcebispo de São Salvador, foi morto a tiros em 24 de março de 1980, enquanto celebrava uma missa na capela de um hospital. Ele denunciou muitas vezes a repressão e a pobreza em suas homílias semanais.
O assassinato foi um dos mais chocantes no longo conflito entre uma série de governos apoiados pelos EUA e rebeldes esquerdistas, em que milhares de pessoas foram mortas por esquadrões da morte de direita e militares.
Ninguém jamais foi levado à Justiça pelo assassinato, embora o ex-major do Exército Roberto D'Aubisson, que morreu em 1992, seja geralmente apontado como culpado.
Governos salvadorenhos anteriores de direita fizeram pouco caso sobre a possibilidade de Romero, um ícone para os movimentos de libertação da América Latina, tornar-se um santo. Mas o esquerdista Funes fez um pedido de desculpas do Estado pelo o assassinato no 30º aniversário do crime, em 2010.
Na quinta-feira, Funes deu ao papa Francisco um relicário ornamentado com um pedaço da vestimenta que Romero usava quando foi baleado. No relicário, com o fragmento da roupa manchada de sangue, lê-se: "Oscar Romero, guia espiritual de Salvador".
Um comunicado do Vaticano disse que o papa e Funes falaram longamente sobre Romero e "a importância do seu testemunho para toda a nação".
O arcebispo Vincenzo Paglia, postulador principal da causa pela santidade de Romero e um perito em sua vida, disse no mês passado que o papa Francisco havia afirmado a ele ter decidido desbloquear o processo.