Mundo

Papa critica Igrejas alemãs e ditaduras nazista e comunista da ex-RDA

Segundo ele, as igrejas da extinta República Democrática Alemã tiveram o efeito de uma chuva ácida sobre a fé cristã

Bento XVI faz vigília em Freiburg, sudoeste da Alemanha (©AFP / Alberto Pizzoli)

Bento XVI faz vigília em Freiburg, sudoeste da Alemanha (©AFP / Alberto Pizzoli)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2011 às 10h24.

ERFURT, Alemanha (AFP) - Bento XVI criticou, neste sábado, as igrejas alemãs, segundo ele bem organizadas, mas pouco eficientes, e também afirmou que as ditaduras nazista e comunista - que vigorou na extinta República Democrática Alemã (RDA) - tiveram o efeito de uma chuva ácida sobre a fé cristã, no terceiro dia de visita a seu país.

No dia seguinte de um encontro com cinco vítimas de abusos sexuais por parte de clérigos católicos e de uma homenagem a Martinho Lutero em Erfurt (leste), 25 mil pessoas receberam o Papa em Freiburg (sudoeste), cidade católica da região de Baden, onde foi calorosamente recebido.

Um forte esquema de segurança foi mobilizado. Pela manhã, houve um incidente em Erfurt que, segundo o Vaticano, nada teve a ver com o Papa, antes de uma missa ao ar livre celebrada por ele.

Um homem disparou com uma arma de ar comprimido sem causar feridos, nem perturbar o programa papal.

Uma multidão animada recebeu o Sumo Pontífice, que desfilou pelas ruas de Freiburg a bordo do "papamóvel".

Diante do poderoso Comitê Central dos Católicos (ZDK, em alemão), o Papa fez as críticas mais duras à Igreja alemã.

"Na Alemanha a Igreja está muito bem organizada. Mas atrás das estruturas, se encontra também a força espiritual que lhe corresponde, a força da fé em um Deus vivo?", questionou."Sinceramente, devemos dizer no entanto que há um excesso de estruturas em comparação com o espírito", acrescentou, diante de representantes laicos atuantes em todos os setores da sociedade.

A Igreja católica alemã, muito poderosa graças às suas estruturas e sua rede de ajuda social, se viu enfraquecida pelo escândalo dos padres pedófilos em 2010. A instituição está dividida entre setores conservadores e progressistas e tem dificuldades para atrair novos fiéis em uma sociedade secularizada.

O Santo Padre incentivou 15.000 jovens reunidos em uma vigília de oração pedindo força à Igreja. "O preconceito com a Igreja não vem de seus críticos, mas de cristãos indolentes", que não dão um bom exemplo, disse.

O Papa criticou, ainda, seu país, para ele um modelo de "bem-estar, ordem e eficácia", no entanto marcado pela "pobreza nas relações humanas (...) e no âmbito religioso".


Horas antes, em Erfurt, Bento XVI lembrou a difícil situação da Igreja na antiga Alemanha oriental, de dominação comunista.

Segundo o Sumo Pontífice, as ditaduras nazista e comunista tiveram, na parte oriental da Alemanha, o efeito devastador de uma "chuva ácida" para a fé cristã, mas os católicos souberam, "em um clima hostil, educar seus filhos na fé".

Em Freiburg, o dia foi marcado também por um encontro "cordial e afetuoso" com o artífice da Reunificação, ex-chanceler Helmut Kohl, que chegou em cadeira de rodas, acompanhado da esposa, informou o Vaticano.

O Papa se reuniu com líderes das igrejas ortodoxas e saudou seus esforços de reconciliação.

Na véspera, ele já tinha prestado homenagem a Martinho Lutero no claustro de Erfurt, onde o reformista se formou como sacerdote no começo do século XVI. A Igreja protestante saudou um começo de "reabilitação".

A imprensa alemã criticou, no entanto, a falta de avanços concretos do Papa no ecumenismo.

"O Papa esfria as esperanças de um ecumenismo maior", intitulou o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung na edição deste sábado.

Acompanhe tudo sobre:Bento XVIIgreja CatólicaNazismoPapas

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru