O secretário de Defesa dos EUA: Panetta insistiu hoje que a Administração americana tem um compromisso sólido com a segurança de Israel e com seus cidadãos (©AFP/Getty Images / Chip Somodevilla)
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2012 às 18h17.
Jerusalém - O secretário de Defesa de EUA, Leon Panetta, considerou nesta quarta-feira que "todas as formas" de esforço são válidas para impedir que o Irã adquira armamento nuclear, em meio à crescente impaciência de Israel, onde acredita-se que as sanções internacionais e a diplomacia não estão alcançando seus objetivos.
A cada um dos dirigentes israelenses com os quais se reuniu ao longo do dia, Panetta buscou garantir que Washington não permitirá que o Irã atinja capacidade armamentista nuclear, embora tenha defendido que, antes de optar pela opção militar, devem ser esgotadas as outras alternativas.
Em sua terceira visita a Israel - a segunda à frente do Departamento de Defesa - Panetta reviu com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, o presidente, Shimon Peres, e seu colega, Ehud Barak, os assuntos que mais preocupam na região, principalmente Síria e o Irã.
O representante se deparou com uma resposta praticamente uníssona: o Teerã representa uma séria ameaça ao mundo e deve-se impedir por todos os meios que siga adiante com suas aspirações nucleares.
"Atualmente o regime iraniano acredita que a comunidade internacional não tem a vontade de impedir seu programa nuclear. Isso tem que mudar e deve mudar rápido, porque o tempo para resolvê-lo pacificamente está se acabando", advertiu Netanyahu em um pronunciamento com Panetta no escritório do primeiro-ministro.
O líder israelense lançou por terra a insistência americana de dar mais tempo à via diplomática ao dizer que "nem as sanções nem a diplomacia tiveram ainda impacto algum no programa nuclear iraniano".
Nesse contexto, Panetta manifestou que não permitirá que "desenvolva armamento nuclear" e que considera "todas as formas de esforço para assegurar que isso não aconteça".
E inclusive deu a Peres sua "garantia pessoal" de que "a ameaça nunca se transformará em realidade".
Horas antes, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, havia sido anfitrião em uma visita perto da cidade de Ashkelon a uma das baterias antimísseis do sistema "Iron Dome", cofinanciado pelos EUA e que tem como objetivo interceptar foguetes disparados de Gaza.
Barak se mostrou igualmente pouco convencido de que o chefe do governo que a comunidade internacional possa parar o Irã ao defender que a probabilidade de as sanções interromperem seu programa nuclear é "muito baixa".
As autoridades israelenses consideram que tanto as sanções como as negociações que se realizam com o grupo 5+1 (integrado pelos países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) fracassaram e que o Irã não pôs limite a seu programa, como exige o Ocidente.
Mas Panetta insistiu hoje que a Administração americana tem um compromisso sólido com a segurança de Israel e com seus cidadãos.
A viagem segue os moldes da que o pré-candidato republicano à Presidência dos EUA, Mitt Romney, fez à Israel no fim de semana passado, e reforça o recente anúncio de Barack Obama de uma ajuda militar adicional de US$ 70 milhões a Israel.
A secretária de Estado, Hillary Clinton, também viajou ao país no mês passado e defendeu que Israel e EUA atuem de forma coordenada em "um momento de incerteza".
As visitas acontecem em meio a um intenso debate em Israel sobre a conveniência de atacar as instalações nucleares do Irã sem o consentimento de Washington, ataque a que, segundo a imprensa local, se opõem os principais altos comandantes militares e os serviços secretos.
Na terça-feira, Netanyahu assegurou em entrevista televisiva que ainda não decidiu atacar o Irã mas que Israel "não pode contar com ninguém mais" para fazer frente a essa ameaça.
Perguntado pela oposição da categoria militar sobre um ataque às instalações nucleares iranianas, contestou que "em Israel, os políticos tomam as decisões e os efetivos operacionais as realizam".
Nos últimos dias, os principais veículos locais divulgaram que Panetta viajaria a Israel para pedir mais tempo, até um ano e meio, para conseguir uma solução negociada com o Irã e expor os planos de guerra americanos para o caso de Teerã não aceitar as exigências internacionais.
Teerã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos, embora Israel e boa parte dos países ocidentais suspeitem que o país planeje desenvolver armas atômicas.