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Panama Papers citam pessoas próximas a políticos chineses

O envolvimento de Xi e outros líderes no Panama Papers ocorre em um momento no qual o presidente da China promove uma intensa campanha anticorrupção


	O presidente chinês, Xi Jinping: o envolvimento de Xi e outros líderes no Panama Papers ocorre em um momento no qual o presidente da China promove uma intensa campanha anticorrupção dentro do regime
 (Johannes Eisele/AFP)

O presidente chinês, Xi Jinping: o envolvimento de Xi e outros líderes no Panama Papers ocorre em um momento no qual o presidente da China promove uma intensa campanha anticorrupção dentro do regime (Johannes Eisele/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2016 às 08h09.

Pequim - Familiares ou pessoas próximas de quatro importantes personalidades políticas da China, entre elas o atual presidente, Xi Jinping, e o defenestrado ex-ministro Bo Xilai, aparecem entre os citados no escândalo Panama Papers, revelado pela no domingo, e que mostrou o envolvimento de vários líderes mundiais em um esquema de uso de offshores para movimentação financeira.

No caso da China, cujo governo por enquanto mantém silêncio sobre o caso, o vazamento dos documentos da empresa panamenha Mossack Fonseca indica que um cunhado do presidente, Deng Jiagui, é o diretor e único acionista de duas empresas de fachada nas Ilhas Virgens Britânicas desde 2009, quando Xi já era vice-presidente do país.

Jiagui já tinha sido citado em negócios suspeitos em 2014, em outro vazamento do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), mesmo grupo que revelou o escândalo Panama Papers, assim como em uma reportagem da "Bloomberg" dois anos antes, que também gerou muita polêmica.

Sobre Bo Xilai, ex-ministro do Comércio e ex-prefeito da cidade de Chongqing, os documentos da empresa citam o arquiteto francês Patrick Henri Devillers, seu amigo pessoal, como testa de ferro para uma offshore que também tinha sua sede nas Ilhas Virgens Britânicas.

A empresa de fachada teria sido utilizada para compra em segredo de uma mansão de luxo no sul da França para Bo e a esposa por US$ 3,2 milhões.

O imóvel e o testemunho do arquiteto foram usados como provas contra o ex-ministro em um julgamento que ocorreu entre 2012 e 2013, quando ele e sua mulher foram condenados a prisão perpétua.

Os documentos do escândalo Panama Papers também indicam que Li Xiaolin, filha do ex-primeiro-ministro da China, Li Peng, chefe de governo entre 1987 e 1998, possuía uma fundação em Liechtenstein que, por sua vez, era acionista única de outra empresa nas Ilhas Virgens Britânicas.

Xiaolin, que também ocupou importantes cargos políticos e empresariais na China, mudou seu nome no passaporte para não ser relacionada ao pai, homem que, segundo muitos historiadores, ordenou a violenta repressão militar dos protestos da Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989.

Por fim, Jasmine Li, neta do ex-líder chinês Jia Qinglin, quarto na hierarquia do Partido Comunista da China entre 2002 e 2012, aparece nos documentos como proprietária de uma companhia nas Ilhas Virgens Britânicas, a Harvest Sun, que foi posteriormente vendida ao preço simbólico de US$ 1 para outro empresário.

Apesar de não ser ilegal possuir uma empresa no exterior, em algumas ocasiões companhias em paraísos fiscais como o mencionado arquipélago caribenho são usadas para atividades ilícitas como lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

O envolvimento de Xi e outros líderes no Panama Papers ocorre em um momento no qual o presidente da China promove uma intensa campanha anticorrupção dentro do regime, que, desde sua chegada ao poder em 2013, já resultou em dezenas de prisões e condenações de funcionários do alto escalão do Partido Comunista.

Entre eles está o ex-ministro da Segurança Pública Zhou Yongkang, condenado a prisão perpétua, e o ex-vice-comandante das Forças Armadas, Xu Caihou, que passou 12 meses detido e investigado por suspeitas de ter aceitado propina. Ele, no entanto, morreu vítima de um câncer no ano passado, antes de ser julgado.

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