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Panamá diz que empresa chinesa descumpriu contrato para operar portos no Canal

Anúncio de auditoria foi feito horas antes da chegada do chefe do Pentágono, Pete Hegseth

Navio carregado com contêineres atravessa o Canal do Panamá, na Cidade do Panamá (AFP)

Navio carregado com contêineres atravessa o Canal do Panamá, na Cidade do Panamá (AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 8 de abril de 2025 às 09h16.

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A subsidiária da empresa de Hong Kong Hutchison Holdings teria descumprido o contrato que lhe permite operar dois portos no Canal do Panamá, segundo o resultado de uma auditoria divulgado nessa segunda-feira, 7, após as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o controle da via interoceânica.

"Há muitos descumprimentos" no contrato de concessão de 1997, renovado por 25 anos, em 2021, para a Panama Ports, subsidiária da Hutchison Holdings, anunciou o controlador panamenho, Anel Flores.

Segundo o funcionário, entre outras irregularidades, o Panamá não recebeu da companhia US$ 1,2 bilhão (R$ 7 bilhões) por suas operações nos portos de Balboa (Pacífico) e Cristóbal (Atlântico). Além disso, a empresa se beneficiou de "muitas isenções fiscais" e houve irregularidades em uma auditoria prévia para justificar a renovação do contrato.

"Este é um tema muito delicado", ressaltou Flores, que também anunciou que apresentará nos próximos dias as denúncias correspondentes ao Ministério Público.

Visita de Hegseth

O anúncio do resultado da auditoria foi feito horas antes da chegada ao Panamá do chefe do Pentágono, Pete Hegseth, em meio a acusações dos Estados Unidos de uma suposta interferência da China no Canal.

Washington considera uma "ameaça" à segurança nacional e regional que uma empresa de Hong Kong opere dois portos nos extremos do canal, por onde passam 5% do comércio marítimo mundial.

No entanto, Flores negou que o anúncio do descumprimento do contrato guarde relação com a visita do secretário de Defesa americano: - Esta é uma ação autônoma do Panamá.

Analistas já haviam previsto que a auditoria apontaria supostas irregularidades, o que facilitaria a retirada da concessão da empresa chinesa pelo Panamá, para contentar Washington.

Futuro da concessão

A Controladoria, instituição autônoma encarregada de fiscalizar os fundos públicos, iniciou em janeiro uma auditoria na Panama Ports para verificar se ela cumpria o contrato que lhe permite operar os dois portos nos acessos ao canal. Esse processo começou depois que Trump ameaçou repetidas vezes tomar o controle do canal, argumentando que a China o estaria operando.

Em 4 de março, a Hutchison anunciou que venderia 43 portos em 23 países, incluindo suas operações no Panamá, para um consórcio americano. No entanto, o negócio não foi concluído em 2 de abril, conforme o previsto, pois há uma investigação de reguladores chineses.

Semanas atrás, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse que o resultado da auditoria determinaria o futuro da concessão. Flores informará nos próximos dias à Autoridade Marítima do Panamá sobre as irregularidades.

A Suprema Corte analisa duas ações de nulidade contra o contrato. O procurador-geral panamenho, Luis Carlos Gómez, afirmou que ele é inconstitucional.

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