O líder da autoridade palestina, Mahmud Abbas: pedido recebido com frieza (©AFP / Majdi Mohammed)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2012 às 22h43.
Ramallah - Depois de se mobilizarem intensamente no ano passado pela campanha que visava maior reconhecimento junto à Organização das Nações Unidas (ONU), os palestinos receberam com frieza na quinta-feira a nova investida do presidente Mahmoud Abbas para buscar a adesão à entidade, ainda que de forma atenuada.
Em discurso à Assembleia Geral da ONU, Abbas pleiteou o status de "Estado não-membro" da organização, um degrau abaixo do reconhecimento pleno solicitado no ano passado, e barrado devido à falta de apoio --especialmente dos EUA, que teriam poder para vetar o tema no Conselho de Segurança.
Nas ruas de Ramallah, capital palestina na Cisjordânia ocupada, murais ainda mostram Abbas erguendo a mal-fadada solicitação na tribuna da ONU. Mas seus cidadãos temem agora uma nova decepção.
"Para dizer a verdade, vemos tudo isso como conversa, sabemos que não terá resultados concretos", disse o empreiteiro Hussein Izzat, em meio ao trânsito pesado de uma cidade que no ano passado parou para fazer manifestações e assistir ao vivo ao discurso de Abbas na ONU.
"Na última vez, havia uma real atenção ao discurso. Mas desde então ficamos entediados e deprimidos pela falta de ação. Não tenho confiança nas palavras do presidente", disse ele.
A proposta, que Abbas disse que será submetida a consultas na Liga Árabe ao longo do próximo ano, tem poucas chances de levar a avanços na causa palestina.
O governo de Abbas enfrenta uma profunda crise financeira, que já motivou protestos nas ruas; seu rompimento com o grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, permanece; e a ocupação israelense na Cisjordânia entrou no seu 45o ano sem solução à vista.
As negociações de paz com Israel estão suspensas há quase dois anos, porque Abbas rejeita o diálogo enquanto Israel não parar de ampliar seus assentamentos em territórios ocupados.
Buscar o reconhecimento internacional do Estado palestino, apesar da ausência de um tratado com Israel, é há 18 meses o "plano B" de Abbas.
"Não vamos resolver nosso conflito com declarações unilaterais de um Estado", disse na quinta-feira em Nova York o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. "Temos de nos sentar juntar, negociarmos juntos e alcançarmos um compromisso mútuo no qual um Estado palestino desmilitarizado reconheça o Estado judeu único." (Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi, em Gaza; e de Ali Sawafta, em Ramallah)