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Palestinos fogem de Gaza após bombardeios israelenses em Khan Yunis

Cidade localizada no sul do território é um dos principais pontos de refúgio para a população local

Palestinos deslocados deixam o leste da Khan Yunis, na Faixa de Gaza, após ordem israelense, em 1º de julho de 2024 (AFP/AFP)

Palestinos deslocados deixam o leste da Khan Yunis, na Faixa de Gaza, após ordem israelense, em 1º de julho de 2024 (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 2 de julho de 2024 às 07h48.

Centenas de palestinos foram obrigados a fugir da cidade de Khan Yunis, na Faixa de Gaza, alvo de bombardeios na manhã desta terça-feira, 2, depois que o Exército de Israel ordenou uma evacuação.

Testemunhas relataram vários ataques em Khan Yunis e suas imediações, onde oito pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas, segundo uma fonte médica e o Crescente Vermelho.

Os bombardeios aconteceram depois do lançamento de uma série de foguetes pela Jihad Islâmica, grupo aliado do Hamas na guerra contra Israel.

Os foguetes foram disparados contra comunidades israelenses na fronteira com Gaza, "em resposta aos crimes do inimigo sionista contra nosso povo palestino", segundo as Brigadas Al Quds, braço armado da Jihad Islâmica.

O Exército israelense relatou ter detectado cerca de "20 projéteis provenientes da região de Khan Yunis", em Gaza, e afirmou que alguns foram interceptados.

Na segunda-feira, 1°, Israel ordenou a evacuação de Al Qarara, Bani Suhaila e outras localidades de Rafah e Khan Yunis.

Mais de um milhão de pessoas foram deslocadas para Rafah, no extremo sul de Gaza, antes da incursão terrestre israelense na cidade, que começou em 7 de maio.

"Medo e ansiedade extremas dominaram a população após a ordem de evacuação", disse Ahmad Najjar, morador de Bani Suhaila. "Há um grande deslocamento de moradores".

 Novas ofensivas

Outras partes da Faixa de Gaza permaneciam sob o impacto dos combates incessantes, quase nove meses após o início do conflito.

Testemunhas e agências de Defesa Civil relataram bombardeios israelenses em Rafah e no campo de refugiados de Nuseirat (centro).

No distrito de Shujaiya, na Cidade de Gaza, cenário de combates, testemunhas observaram disparos de tanques israelenses.

Um correspondente informou sobre helicópteros israelenses atirando contra casas em Shujaiya, enquanto o braço armado do Hamas, as Brigadas Ezedin al Qasam, combatiam neste distrito e em Rafah.

O Exército israelense anunciou ter "eliminado vários terroristas" nas incursões em Shujaiya, onde os bombardeios aéreos mataram "quase 20 combatentes".

Também anunciou na segunda-feira a morte de um soldado no sul da Faixa, elevando para 317 o número de militares mortos desde o início da ofensiva terrestre no território palestino.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que declarou recentemente que a "fase intensa" da guerra estava prestes a terminar, afirmou no domingo que as forças do país "operam em Rafah, Shujaiya, em todas as partes da Faixa de Gaza".

"Este é um combate difícil, travado no solo (...) e abaixo do solo, em túneis", disse.

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 42 das quais teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 37.900 mortos, a maioria civis, em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que está no poder neste território desde 2007.

As negociações para obter um cessar-fogo estão paralisadas.

Presos torturados em Israel

Na segunda-feira, Israel libertou dezenas de prisioneiros palestinos, incluindo o diretor do hospital Al Shifa da Cidade de Gaza, Mohamed Abu Salmiya, detido em novembro, e estes retornaram ao território palestino.

Os ataques israelenses transformaram grande parte do hospital, o maior de Gaza, em escombros.

Israel acusa o Hamas de utilizar o Al Shifa e outros hospitais de Gaza como fachada, para ocultar suas operações militares, o que o movimento islamista nega.

Abu Salmiya relatou ter sido submetido a "graves torturas" durante a sua detenção.

"Os detentos eram submetidos a humilhações físicas e psicológicas", declarou o médico. "Muitos presos morreram em centros de interrogatório e foram privados de alimentos e remédios", acrescentou.

O serviço de segurança interna de Israel, o Shin Beth, afirmou em um comunicado que decidiu pela libertação, em conjunto com o Exército, para abrir espaço nos centros de detenção e destacou que só liberou os detentos considerados menos perigosos.

Netanyahu ordenou uma investigação e classificou a liberação do diretor do hospital como "um erro grave". Abu Salmiya disse que nenhuma acusação foi apresentada contra ele.

A ONU e agências humanitárias expressaram preocupação com a situação e o risco de fome entre os 2,4 milhões de moradores de Gaza.

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que as autoridades israelenses forneceram menos de metade das 115 missões de assistência humanitária planejadas para o norte de Gaza.

No campo de deslocados de Deir al Balah, no centro do território, o farmacêutico Sami Hamid relatou um aumento de infecções de pele, como a sarna, e disse que há muitos casos de varicela e hepatite, que provavelmente estão ligados ao esgoto não tratado que corre ao lado das barracas.

 

 

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