Soldados dos EUA participam de treinamento para lidar com ebola (Harrison McClary/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2014 às 18h44.
A auxiliar de enfermagem espanhola infectada com Ebola estava melhor neste sábado, ao mesmo tempo que o governo brasileiro anunciou que o primeiro exame em um paciente africano apresentou resultado negativo.
Muitos países reforçam os controles para evitar qualquer contágio da epidemia de febre hemorrágica que já deixou 4.000 mortos em todo o mundo.
Em Madri, mais três pessoas foram internadas na sexta-feira, por precaução, no hospital onde Teresa Romero, auxiliar de enfermagem de 44 anos, luta contra o vírus.
"O estado dela melhorou durante a noite", afirmou à AFP uma fonte médica que pediu anonimato.
"Está consciente, fala e, de vez em quando, fica de bom humor. Seu estado melhora dentro da gravidade", completou a fonte.
Na sexta-feira à noite, ela recebeu uma dose do medicamento experimental Zmapp, segundo a mesma fonte. O tratamento desenvolvido por um laboratório californiano é um dos usados para tentar deter a epidemia.
Romero é a primeira pessoa a contrair o vírus fora da África, provavelmente ao cuidar de um missionário espanhol repatriado a Madri e que morreu vítima do Ebola. Nenhuma das 16 pessoas em observação apresenta sintomas.
Já no Brasil, o paciente guineano internado e isolado não tem Ebola, anunciou neste sábado o ministério da Saúde, depois de receber os resultados do primeiro exame.
"O ministério da Saúde informa que o exame para o diagnóstico do paciente suspeito de infecção pelo vírus Ebola teve resultado negativo", afirma um comunicado, antes de explicar que o exame precisa ser reconfirmado em 48 horas.
"O estado de saúde é bom, não apresenta febre e o paciente continua em isolamento total no Instituto de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro", destacou o ministério.
A epidemia de Ebola, que começou na Guiné no final de 2013, matou mais de 4.000 pessoas, segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase 8.400 casos foram registrados em sete países.
Do Reino Unido até a Nicarágua, os países anunciaram medidas de reforço do controle nas fronteiras para pessoas procedentes dos países mais afetados pela epidemia: Guiné, Libéria e Serra Leoa.
O aeroporto internacional JFK de Nova York começou neste sábado a reforçar o controle dos passageiros procedentes dos três países da África Ocidental mais afetados pela doença.
Ao chegar ao aeroporto, os passageiros procedentes de Libéria, Serra Leoa e Guiné são levados a uma zona específica para ser examinados e, "em caso de febre, outros sintomas ou exposição ao Ebola" serão levados aos Centros americanos de controle e prevenção de doenças (CDC, em inglês) para serem submetidos a um exame clínico, informou à imprensa Gil Kerlikowskie, chefe da Customs and Border Protection (CBP).
O Reino Unido organiza um exercício neste sábado com centenas de pessoas, incluindo ministros, para testar a capacidade do país para enfrentar um caso de Ebola em seu território.
A Confederação Africana de Futebol (CAF) anunciou neste sábado que não adiará a Copa da África, prevista para janeiro e fevereiro de 2015 no Marrocos, apesar da epidemia. A CAF rejeitou um pedido do governo marroquino, que solicitou a alteração no calendário por precaução.
Na Libéria, o Parlamento rejeitou a decisão da presidente Ellen Johnson Sirleaf de adiar as eleições para o Senado por causa do vírus. Também rejeitou o pedido de plenos poderes.
Segundo resultados de um teste de laboratório realizado na Alemanha, o britânico que morreu na quinta-feira em um hospital de Skopje com supostos sintomas do vírus do Ebola não tinha a doença, indicou neste sábado a porta-voz do ministério da Saúde da Macedônia.
- Alarmes falsos e boatos -
O primeiro caso de contágio fora da África e a morte de um paciente em território americano deram uma dimensão mundial ao medo: alarmes falsos, boatos, e internações preventivas aumentaram nos últimos dias.
A Espanha luta contra a divulgação nas redes sociais de imagens que simulam páginas dos veículos de comunicação para anunciar novos casos de contágio.
O governo espanhol também tenta acalmar os funcionários do setor de saúde, inquietos com a falta de recursos e de formação ante uma doença pouco conhecida.
"Não faltarão recursos nem financiamento para atender a todos os pacientes", disse a ministra da Saúde, Ana Mato.
A África Ocidental não tem os mesmos recursos. Mas a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, declarou que a instituição, que já repassou 41 milhões de dólares à Guiné, está "disposta a fazer mais se for necessário", após um encontro com o presidente guineano, Alpha Condé.
O chefe da missão da ONU para a luta contra o Ebola, Anthony Banbury, destacou a urgência da crise.
"O tempo joga contra. O vírus é mais rápido que nós e a situação piora a cada dia".
"Estamos atrasados, mas ainda há tempo para lutar e ganhar a batalha", completou Banbury .
O governo do Mali anunciou testes clínicos de uma vacina contra o Ebola no centro do desenvolvimento de vacinas de Bamako.
A vacina também está sendo testada nos Estados Unidos e Reino Unido.
Até o momento não existe nenhuma vacina ou tratamento homologado contra o vírus, que é transmitido por contato direto com fluidos corporais.
A Rússia, por sua vez, pode fornecer três vacinas contra o vírus em seis meses, afirmou neste sábado a ministra russa da Saúde, Veronika Skvortsova.
"Criamos três vacinas (...) e pensamos que estarão prontas nos próximos seis meses", indicou a ministra à rede de televisão Rossiya 1.
"Uma já está pronta para um teste clínico", acrescentou, depois de informar que uma das vacinas foi criada a partir de uma cepa inativa do vírus.