Forças ucranianas interinas participam de treino não-armado: As sanções ocidentais, a princípio, não afetam o presidente russo, mas sim seus assessores (AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2014 às 20h36.
Estados Unidos, União Europeia e Canadá anunciaram nesta segunda-feira sanções contra autoridades russas e ucranianas, como forma de pressionar Moscou depois que a Crimeia proclamou sua independência e a integração à Rússia.
Essas decisões de países aliados não intimidaram o presidente russo, Vladimir Putin, que assinou o decreto com o qual reconhece a independência da República ucraniana da Crimeia, informaram agências de notícias russas.
Em resposta a esses fatos, Kiev iniciou uma mobilização parcial de suas tropas e convocou seu embaixador na Rússia.
As sanções ocidentais, anunciadas quase ao mesmo tempo em Washington e Bruxelas, e pouco depois em Ottawa, envolvem uma quantidade bastante limitada de autoridades russas e ucranianas. A princípio, não afetam o presidente russo, mas sim seus assessores.
A Casa Branca apontou para 11 pessoas: sete russas e quatro acusadas de complô com a Rússia na Ucrânia. Entre elas, estão o presidente ucraniano deposto Viktor Yanukovytch e um conselheiro, assim como dois líderes separatistas da Crimeia, Serguei Axionov e Volodimir Konstantinov.
Entre os russos, que teriam bens a serem congelados nos Estados Unidos, estão o vice-primeiro-ministro Dimitri Rogozin, a presidente do Conselho da Federação (Senado russo), Valentina Matvienko, e dois assessores de Putin (Vladislav Surkov e Serguei Glazyev), além de dois membros da Duma (a Câmara Baixa do Parlamento).
O presidente americano, Barack Obama, advertiu que está disposto a impor mais sanções, se Moscou não mudar de postura.
"Novas provocações apenas vão aumentar mais o isolamento da Rússia e reduzir sua estatura no mundo", declarou Obama, enquanto a Casa Branca advertiu que "os atos de violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia têm consequências".
Na Rússia, a reação não tardou: "Colega Obama, e o que acontece com aqueles que não têm nem conta, nem propriedade no exterior? Por acaso, você não teria pensado nisso?", afirmou Rogozin com ironia.
Os ministros das Relações Exteriores europeus também decidiram punir - com cancelamentos de vistos ou congelamento de bens - 21 autoridades ucranianas e russas", anunciou o ministro lituano Linas Linkevicius.
Sanções inéditas desde 1991
Por enquanto, nenhum ministro do governo russo foi punido, informaram diplomatas, embora Linkevicius tenha indicado que a União Europeia poderá adotar "sanções adicionais nos próximos dias".
Ao chegar nesta segunda a Bruxelas para sua reunião mensal, todos os ministros europeus das Relações Exteriores manifestaram firmeza.
"Estamos querendo enviar a mensagem mais forte possível para a Rússia, para que entenda a gravidade da situação" após o referendo na Crimeia, no qual os eleitores que compareceram às urnas optaram por se unir a Moscou, disse a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
Sanções desse tipo não eram vistas na história entre russos e americanos desde a queda da então União Soviética, em 1991. Apesar do contexto de tensão, os europeus consideram que ainda é tempo de encontrar uma solução política.
"É necessário demonstrar muita firmeza e, ao mesmo tempo, encontrar vias para o diálogo sem causar uma escalada", declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
Descartada a opção militar, os ocidentais contam com o impacto do crescente isolamento internacional da Rússia. Dessa maneira, mantêm a possibilidade de impor sanções econômicas e comerciais. Nesses casos, o impacto pode ser significativo, já que os Estados Unidos e a União Europeia são dois dos três principais aliados de Moscou.
Enquanto o presidente russo deve se referir ao tema na terça-feira, as autoridades separatistas da Crimeia queimaram algumas etapas, com a proclamação de sua independência e o pedido de anexação enviado a Moscou, somados à dissolução das unidades militares ucranianas e à adoção do rublo como moeda.
De acordo com resultados definitivos, quase 97% das pessoas que foram votar optaram pela anexação da Crimeia à Rússia.
Em resposta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou "decepção e preocupação" com o resultado do referendo e pediu uma solução política que inclua "o respeito à unidade e à soberania da Ucrânia", anunciou seu porta-voz.