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Países do sul da Europa fecham acordo para resolver imigração

Itália, França, Espanha, Portugal, Grécia, Chipre e Malta se comprometeram a defender uma "política europeia comum sobre a imigração"

Imigração na Europa: países do sul, incluindo Itália e Grécia, lamentaram a reticência de alguns de seus aliados no continente (Yannis Behrakis/Reuters)

Imigração na Europa: países do sul, incluindo Itália e Grécia, lamentaram a reticência de alguns de seus aliados no continente (Yannis Behrakis/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de janeiro de 2018 às 06h45.

Os líderes de sete países do sul da Europa chegaram a um acordo nesta quarta-feira, em Roma, para enfrentarem juntos o desafio das migrações em massa para o velho continente.

O presidente francês, Emmanuel Macron, que acabava de chegar da China, reconheceu para a imprensa a "forte visão comum" entre os países do sul da Europa sobre dois temas-chave: o futuro da União Europeia e a crise migratória.

Os chefes de Estado e de governo desses países (Itália, França, Espanha, Portugal, Grécia, Chipre e Malta) assinaram uma declaração na qual se comprometem a defender uma "política europeia comum sobre a imigração".

Os países do sul, incluindo Itália e Grécia, lamentam a reticência de alguns de seus aliados na Europa, como Polônia ou República Tcheca, a receber os imigrantes que desembarcam em suas terras.

"Devemos lutar juntos para estabelecer uma política de imigração que seja comum e que seja solidária, especialmente com os países que recebem importantes fluxos migratórios", assegurou o primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, durante uma coletiva de imprensa conjunta.

Foi a quarta mini-cúpula com esse formato, iniciado em setembro de 2016 pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras. Outras duas reuniões foram celebradas em 2017, em Lisboa, em janeiro, e em Madri, em abril.

Ao fim da primeira rodada de negociações, os sete países defenderam fazer "um esforço decidido" para estabelecer um sistema de refúgio europeu comum, baseado na "solidariedade", sem chegar a mencionar o controverso tema das cotas por países para a recepção de imigrantes, rejeitado por alguns Estados da Europa Oriental.

Estatísticas macabras

Para a Itália, 2017 foi um ano de mudanças: o país passou de um fluxo maciço de imigrantes no primeiro semestre a um início de imigração controlada, graças a acordos controversos com a Líbia que limitaram as chegadas a 119.000, 35% menos que em 2016.

Na Espanha, os argelinos e marroquinos aumentaram o volume de chegadas às costas do país, que passaram de 6.000 em 2016 a 23.000 imigrantes em 2017.

Na Grécia, o acordo entre a UE e a Turquia limitou o número de chegadas a 28.800 pessoas, seis vezes menos que em 2016.

Paralelamente, o número de emigrantes mortos ou desaparecidos no mar Mediterrâneo passou de cerca de 5.000 em 2016 a 3.116 em 2017, a maioria em frente às costas da Líbia.

Mas este início de ano tem estatísticas especialmente macabras. Entre 90 e 100 emigrantes desapareceram no Mediterrâneo após o naufrágio do seu bote inflável em frente a costa da Líbia, revelou na terça-feira a noite a marinha do país africano.

Melhor distribuição

A Grécia abriga mais de 50.000 imigrantes e refugiados, 14.000 deles amontoados em campos das ilhas do mar Egeu.

Na Itália, as autoridades deixaram de informar o número de solicitantes de asilo abrigados em seus centros de acolhida. O último número era de 200.000 na primavera boreal. Isso gera tensões com a população local, e a imigração se tornou um dos assuntos favoritos dos partidos populistas e de extrema direita antes as eleições legislativas italianas de 4 de março.

Nesse contexto, os países do sul da UE defendem uma melhor divisão da carga migratória dentro da União, diante do consequente encargo econômico e político.

O ministro italiano do Interior, Marco Minniti, artífice dos acordos - elogiados por Bruxelas - com as autoridades líbias para impedir que os emigrantes tentem chegar à Europa pelo mar, advertiu que a UE também deve participar, como a Itália, em sua política humanitária.

Três dias antes do Natal, a Itália foi o primeiro país a acolher um grupo de 162 refugiados etíopes, somalis e iemenitas, que chegaram em avião diretamente da Líbia. Segundo Minniti, 10.000 refugiados chegarão desta mesma forma em 2018, com a condição de que sejam distribuídos dentro da UE.

O presidente francês, Emmanuel Macron, cujo país registra um aumento significativo de solicitações de asilo, prolongará sua estadia em Roma e abordará o assunto na quinta-feira com as autoridades italianas.

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