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Países asiáticos se preparam para tarifas recíprocas prometidas por Trump

Economias como China, Vietnã e Índia são as mais vulneráveis, já que seus superávits com os EUA são significativos

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 09h11.

Depois que o presidente americano Donald Trump anunciou que irá aplicar tarifas recíprocas àquelas impostas aos produtos dos Estados Unidos, várias economias asiáticas correm contra o tempo para negociar soluções alternativas com o governo americano. 

Trump não informou ainda quais países serão afetados pelas tarifas recíprocas, mas indicou que fará um grande esforço para eliminar os déficits comerciais dos Estados Unidos.

Segundo informações do portal CNBC, analistas do banco Barclays afirmaram que a maior parte dos países asiáticos emergentes devem ser afetados pela medida. As exceções são Singapura e Hong Kong, com os quais os EUA desfrutam de superávits comerciais.

A China liderou o superávit comercial com os EUA no ano passado, com US$ 295,4 bilhões, seguida pelo Vietnã com US$ 123,5 bilhões, Taiwan com US$ 74 bilhões, Japão com US$ 68,5 bilhões e Coreia do Sul com US$ 66 bilhões, de acordo com informações do governo americano.

Vietnã e Índia se preparam

O Vietnã é um dos países que mais correm risco de ser alvo das novas tarifas de Trump. Além de ter um grande superávit com os EUA, o país recebe uma quantidade significativa de investimento chinês. 

Bebidas e tabaco importados para o Vietnã recebem tarifas de até 45,5% em média, enquanto categorias como açúcares e confeitos, frutas e vegetais, roupas e equipamentos de transporte estão sujeitas a encargos de 14% a 34%.

O governo vietnamita tem feito esforços desde a eleição de Trump para melhorar a relação com Washington. Em novembro, o país prometeu comprar mais aeronaves, gás natural liquefeito e outros produtos dos EUA. 

Na semana passada, o primeiro-ministro pediu que os membros do seu gabinete se preparem para os impactos de uma possível guerra comercial global neste ano.

A Índia, por sua vez, está vulnerável pelo fato de que impõe tarifas sobre as importações dos EUA significativamente mais altas do que as tarifas impostas pelos EUA sobre as remessas da Índia. 

Em um aceno a Washington, Nova Délhi reduziu neste mês as tarifas sobre uma variedade de produtos, incluindo motocicletas, bens eletrônicos, minerais críticos e baterias de lítio.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, sinalizou que está disposto a discutir com Trump nesta semana novos cortes de tarifas e a compra de mais energia e equipamentos de defesa americanos.

O superávit da Índia com os EUA, seu terceiro maior parceiro comercial, atingiu US$45,7 bilhões no ano passado. 

China disposta a negociar

Alvo inicial das tarifas alfandegárias de Trump, a China recebeu uma taxação adicional de 10% sobre todos os seus produtos na semana passada. Canadá e México, que também foram alvo de taxação de 25%, receberam uma trégua de um mês após negociações com Trump

Como retaliação, Pequim impôs tarifas sobre alguns produtos importados dos Estados Unidos. Entre as sanções econômicas, estão tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL), além de 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas e carros com motores de grande porte importados dos EUA. As medidas entraram em vigor na última segunda-feira, 10. 

Analistas consideram que a retaliação da China foi comedida, o que sinaliza que o governo chinês estaria disposto a negociar com Trump. 

Japão pode ser favorecido

A boa relação de Trump com o governo japonês pode estar protegendo o país asiático de tarifas mais altas. Nos últimos cinco anos, o Japão foi o maior investidor estrangeiro dos EUA.

No final da semana passada, o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba foi recebido na Casa Branca pelo presidente americano. Ele foi o segundo chefe de estado a ser convidado por Trump, atrás apenas do premiê israelense Benjamin Netanyahu. 

Durante o encontro, o Japão prometeu importar mais gás natural dos EUA e expressou interesse em um projeto de gás natural liquefeito em um oleoduto do norte do Alasca.

O governo japonês também concordou que a japonesa Nippon Steel, em vez de adquirir a americana U.S. Steel, irá investir na empresa e fornecer tecnologia para que ela possa fabricar produtos de melhor qualidade.

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