Frangos em granja: para 2014, a perspectiva é de que esta demanda por alimentos aumente de 5 a 6% segundo dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (©AFP / Orlando Kissner)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 17h35.
Sao Paulo - Após dez anos de redirecionamento da política externa brasileira, o Brasil já pode se considerar um dos principais parceiros econômicos dos países árabes, com 17 milhões de toneladas de alimentos exportados para este destino em 2013 - valor considerado recorde.
Na liderança dos produtos exportados está a produção de frango, com 40% do total das mercadorias destinadas aos países árabes, totalizando um montante de US$ 3,2 bilhões em 2013.
Para 2014, a perspectiva é de que esta demanda por alimentos aumente de 5 a 6% segundo dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB).
O gerente de negócios e mercados da CCAB, Rafael Abdulmassih, explicou em entrevista à Efe que os países árabes são tradicionalmente importadores de alimentos devido, sobretudo, às condições climáticas e naturais do Oriente Médio.
"Trata-se de uma população que cresce de uma maneira mais acelerada do que o restante do mundo, uma sociedade demandante de alimentos, que consome muitos alimentos, e o Brasil vem se consolidando como um país que consegue oferecer desde a carne in natura até o hambúrguer", disse Abdulmassih.
Segundo dados do Governo Federal, de 2003 a 2011, a participação do bloco formado pelos 22 países árabes no total das exportações brasileiras, embora modesta (8,41% em 2011), aumentou 59%, resultado do realinhamento na política externa brasileira focada nas relações sul-sul.
Monetariamente, esse aumento tem representado saltos no superávit da balança comercial brasileira com o bloco, saltando de US$ 1,7 bilhão em 2003 para um valor que ultrapassa a marca de US$ 10 bilhões em 2013
Além da diplomacia, os números também revelam um esforço do setor agroindustrial brasileiro para atender o mercado árabe, que mantém algumas exigências específicas, como o corte "hallal" das carnes.
Este processo específico de abate - que envolve a sangria do animal e seu corte com a cabeça voltada para Meca - é feito a partir do uso da mão de obra de imigrantes de países como o Egito, além de Malásia e Indonésia, que apesar de não serem países árabes são de maioria muculmana.
"O Brasil há décadas se prepara para este tipo de corte, não trazendo problema com a qualidade do nosso corte hallal, que possui uma confiabilidade grande entre os países árabes", aponta Abdulmassih.
Ele ressalta ainda que, apesar do custo adicional gerado pelo processo especial de abate, o Brasil ainda tem conseguido preços competitivos no mercado internacional.
"Sem dúvidas é muito amis difícil encontrar um funcionário muçulmano degolador do que um brasileiro, mas não é um problema no final da linha de produção", frisou.