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Países adotam diferentes estratégias contra a segunda onda da covid-19

Enquanto a Alemanha estuda a prorrogação do lockdown, a França relaxa as medidas restritivas. Os Estados Unidos e o Brasil esperam pela vacina

Pedestres em Berlim: governo alemão deve prorrogar as medidas de lockdown, no mínimo, até 20 de dezembro (Sebastian Kahnert/Getty Images)

Pedestres em Berlim: governo alemão deve prorrogar as medidas de lockdown, no mínimo, até 20 de dezembro (Sebastian Kahnert/Getty Images)

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, deverá se reunir nesta quarta-feira (25) com os governadores dos 16 estados da federação para discutir a prorrogação das medidas de lockdown para conter o avanço do novo coronavírus. O confinamento no país foi decretado em 2 de novembro e deveria durar um mês, mas a tendência é que as restrições sejam estendidas, no mínimo, até 20 de dezembro, numa tentativa de frear a disseminação da covid-19 e tornar as reuniões familiares possíveis nas festas de fim de ano.

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Em direção oposta, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou ontem à noite um plano de flexibilização do lockdown no país a partir deste sábado. O país se encontra em confinamento quase total desde 28 de outubro. A partir de sábado, os franceses poderão sair de suas casas em um raio de até 20 quilômetros e por três horas diários.  O comércio considerado "não essencial" poderá reabrir até 21 horas, desde que siga um protocolo sanitário. As cerimônias religiosas poderão ser retomadas, com ocupação máxima de 30 pessoas. Atividades escolares ao ar livre também estarão autorizadas. Bares e restaurantes continuarão fechados ao menos até 20 de janeiro.

Na Alemanha, o lockdown adotado é mais brando. O país fechou restaurantes, bares e clubes, mas as lojas permaneceram abertas. Além disso, a população só foi aconselhada a ficar em casa e limitar seus contatos sociais — não há uma determinação expressa para que as pessoas não saiam de casa.

Ao anunciar ontem as medidas de flexibilização, Macron comemorou a queda do número diário de casos confirmados da covid-19 — eram 60.000 antes do lockdown e, na semana passada, esse número havia caído para 20.000 casos diários. O presidente francês advertiu, porém, que não se pode baixar a guarda. “Vamos fazer tudo para evitar uma terceira onda e um terceiro confinamento", afirmou.

Na Alemanha, o número de pessoas infectadas triplicou desde o início de outubro e está se aproximando de 1 milhão de casos. O número de mortes, porém, permanece relativamente baixo (menos de 15.000) em comparação com o de outros países europeus — na França, foram mais de 50.000 óbitos até agora.

Ainda é cedo, portanto, para saber qual das estratégias será a mais eficiente no fim das contas — um lockdown mais duro por menos tempo ou um lockdown mais brando por um período mais longo. O fato é que a Alemanha e a França se encontram num estágio mais adiantado da segunda onda da pandemia e, por isso, podem indicar caminhos que podem ser trilhados por outros países que enfrentam agora a mesma situação vivida pelas nações europeias cerca de um mês atrás.

São os casos dos Estados Unidos e do Brasil, os dois países que lideram o número de óbitos por covid-19 no mundo.

Nos Estados Unidos, desde o início de novembro, já foram confirmados mais de 3,3 milhões de novos casos de coronavírus, um recorde em um único mês. Ontem, foram registrados 2.197 óbitos no país, o maior número desde 6 de maio. Os sistemas hospitalares acenderam o sinal de alerta. Uma autoridade sanitária da Pensilvânia declarou na segunda-feira que o estado pode ficar sem leitos de UTI dentro de uma semana. A situação pode se agravar com o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day), uma das principais festividades nacionais, nesta quinta-feira. Estima-se que 48 milhões de americanos vão pegar a estrada entre hoje e domingo para aproveitar o feriado.

No Brasil, o número de novos casos de covid-19 voltou a subir em novembro, coincidindo com o período de reta final da campanha eleitoral. Dados divulgados ontem pelo Centro de Controle de Epidemias do Imperial College, em Londres, apontou que a taxa de transmissão do novo coronavírus voltou a subir no Brasil e já é a maior desde maio. A taxa de transmissão indica para quantas pessoas um paciente infectado pode transmitir o vírus. Nesta semana, o índice chegou a 1,30 (100 pessoas  infectam 130 pessoas), ante 1,10 no balanço anterior, de 16 de novembro.

Em boletim divulgado ontem à noite pelo consórcio de veículos de imprensa, o Brasil superou a marca de 170.000 mortes pela covid-19. Em 24 horas, foram registrados 638 óbitos e 33.445 infectados. Foi o décimo dia seguido de tendência de alta no número médio móvel de mortes. Desde o início da pandemia, o país já teve 6.121.449 de pessoas infectadas e 170.179 óbitos por covid-19.

Na falta de uma ação coordenada em nível nacional para evitar a propagação da doença, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, a principal aposta tem sido torcer pela chegada, quanto antes, de uma vacina salvadora. Parece pouco para salvar vidas.

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