Humala, ex-presidente do Peru: "Não há por que negar, porque não é delito. (...) Se não tivesse havido essa ajuda, não teriam chegado à presidência " (foto/AFP)
EFE
Publicado em 13 de abril de 2017 às 17h24.
Lima - O pai do ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, Isaac Humala, afirmou nesta quinta-feira que o suposto repasse de US$ 3 milhões para a campanha eleitoral de seu filho em 2011 não foi um suborno, mas uma "colaboração ideológica".
"Dizem que isso é uma 'pré-propina', mas dizem isso porque não são políticos. Na política, os países do mundo estão classificados ideologicamente. (...) Existe a solidariedade ideológica. (...) Não é suborno, é uma colaboração ideológica", declarou Isacc Humala à emissora de rádio "RPP Notícias".
O pai do ex-governante acrescentou que as declarações dadas a esse respeito no Brasil pelos empresários Marcelo Odebrecht e Jorge Barata, ex-representante da construtora no Peru, são precisas e que "é impossível que estejam mentindo".
"Eles deram esse dinheiro por ordem expressa do presidente de então, Lula. Então é uma contribuição que Lula está fazendo com o fundo que tem na Odebrecht", comentou.
Isaac Humala acrescentou que, nesse sentido, o dinheiro supostamente repassado pela Odebrecht a seu filho foi "uma colaboração da esquerda representada pelo governo de Lula no Brasil, a um candidato que poderia ser similar, que era Ollanta Humala".
"Não há por que negar, porque não é delito. (...) Se não tivesse havido essa ajuda, não teriam chegado à presidência ", destacou.
Ollanta Humala negou ontem ter recebido esse financiamento durante a campanha eleitoral e disse que não tem ideia de qual é a motivação de Odebrecht e de Barata para fazerem essas afirmações, mas que "não são certas".
"O que nós fizemos na campanha é que nos reunimos com todos os grupos empresariais, e nos reunimos em embaixadas, nas sedes institucionais, e vieram a nossas sedes, mas não houve financiamento nesse momento, senão teríamos relatado", assegurou Humala.
Segundo sua delação premiada na Operação Lava Jato, Marcelo Odebrecht admitiu que, a pedido do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, entregou, "via Setor de Operações Estruturadas, US$ 3 milhões a Humala" para a campanha presidencial de 2011.
As declarações de Odebrecht coincidem com as que foram feitas por Jorge Barata ao procurador peruano Hamilton Castro, no último mês de fevereiro, sobre o pagamento de US$ 3 milhões à campanha de Humala, que concluiu com sua eleição para o período 2011-2016.