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Padres têm que ir onde há sofrimento, diz Papa

O papa Francisco abriu o Tríduo Pascal nesta quinta com a Missa Crismal, na qual disse que os sacerdotes não podem ser gestores, mas sim ir à "periferia"


	Papa Francisco: "quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor", disse
 (Alessandro Bianchi/Reuters)

Papa Francisco: "quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor", disse (Alessandro Bianchi/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 11h00.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco abriu nesta quinta-feira o Tríduo Pascal, o primeiro de seu pontificado, com a Missa Crismal, em cuja homilia disse que os sacerdotes não podem ser gestores, mas sim ir à "periferia", onde não falta sofrimento, há sangue derramado, há cegueira que quer ver, há prisioneiros de tantos patrões maus".

"Não é nas reiteradas introspecções que encontramos o Senhor, nem mesmo nos cursos de autoajuda. O poder da graça cresce na medida em que, com fé, saímos para nos dar a nós mesmos oferecendo o Evangelho aos outros, para dar a pouca unção que temos àqueles que nada têm", afirmou.

A Missa Crismal marca o começo do Tríduo Pascal, centro e ponto alto do Ano Litúrgico, e é celebrada na Quinta-Feira Santa, dia em que se lembra a instituição dos sacramentos da Eucaristia e da Ordem Sacerdotal por Jesus Cristo durante a Última Ceia, segundo a tradição cristã.

Assim, durante o rito, realizado no começo da manhã na basílica de São Pedro do Vaticano e que foi assistido por cerca de 10 mil pessoas, os 1.600 sacerdotes presentes renovaram suas promessas (pobreza, castidade e obediência), e Francisco destacou em sua homilia o que significa ser padre e suas obrigações.

O papa Bergoglio disse que o sacerdote que sai pouco de si, que unge pouco seus fiéis, "perde o melhor do nosso povo, aquilo que é capaz de ativar a parte mais profunda do seu coração presbiteral".

"Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor. Daqui deriva precisamente a insatisfação de alguns, em vez de serem pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens", denunciou.


Francisco acrescentou que "a chamada crise de identidade sacerdotal" ameaça todos e se soma a uma crise de civilização, mas que se os sacerdotes souberem "atravessar a onda, poderemos nos colocar mar adentro e lanças as redes em nome Daquele em que depositamos a nossa confiança: Jesus".

Durante a missa, Francisco abençoou o óleo dos catecúmenos, o dos doentes e o Crisma (óleo e bálsamos misturados), que lhe foram apresentados em três grandes jarras de prata.

Estes óleos são benzidos na Quinta-Feira Santa pelos bispos e são utilizados para ungir os que são batizados, os que confirmam a fé e para a ordenação sacerdotal. O rito é celebrado em todas as catedrais do mundo.

Referindo-se ao óleo consagrado, o papa afirmou que sua unção, "como disse claramente o Senhor", é para os pobres, para os prisioneiros, para os doentes, para os que estão tristes e sós.

"A unção não é para perfumar a nós mesmos, e menos ainda para que a conservemos num frasco, pois o óleo tornar-se-ia rançoso. e o coração amargo", disse.

O pontífice também afirmou que o bom sacerdote é reconhecido "pelo modo como é ungido seu povo". "Nota-se quando o povo é ungido com óleo da alegria; por exemplo, quando sai da Missa com o rosto de quem recebeu uma boa notícia, explicou.

"O nosso povo gosta do Evangelho quando é pregado com unção, quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como o óleo de Aarão até às bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, "as periferias" onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear a sua fé", ressaltou.

Francisco pediu aos fiéis que acompanhem os sacerdotes com o afeto e a oração, para que sejam sempre pastores segundo o coração de Deus.

O papa irá hoje à tarde a um instituto penal de menores de Casal del Marmo, nos arredores de Roma, para celebrar a missa da Última Ceia, na qual lavará os pés de doze jovens reclusos.

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