Famílias do Iêmen recebem doações: risco de crise alimentar no país (AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2011 às 19h57.
Sana - O Iêmen sofre com uma grave crise alimentar e a organização internacional de ajuda humanitária, Oxfam, alerta que este pobre país da Península Arábica já é ameaçado por uma "catástrofe" da fome.
Em um relatório publicado nesta segunda-feira, a Oxfam indica que a violência política no Iêmen paralisou a economia, provocou uma vertiginosa alta no preço da gasolina, uma "rápida inflação" e a redução da capacidade de intervenções humanitárias.
"A fome se generalizou e o Iêmen está hoje no caminho da desnutrição crônica", indicou a organização não-governamental que calcula que um terço dos 22 milhões de habitantes sejam vítimas do naufrágio econômico do país.
O relatório estima que o crescimento da metade das crianças do país será afetado pela falta de comida, e que um quarto das mulheres entre 15 e 49 anos sofrerão de severa desnutrição.
Segundo a Oxfam, as mulheres e as crianças são as primeiras vítimas desta tragédia: "As mulheres iemenitas sofrem com a pior discriminação sexual no mundo (...) e quando o alimento é raro as mulheres comem cada vez menos".
O relatório aponta o aumento dos casamentos de mulheres cada vez mais jovens, adolescentes cujas famílias não podem assegurar a subsistência de todos. A organização ressalta também que as crianças foram retiradas das escolas para buscar trabalho e ajudar os pais.
Desde janeiro, movimentos de oposição ao governo pedem a saída do presidente Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos. Manifestações de pró e anti-Saleh são realizadas diariamente nas grandes cidades do país e fizeram dezenas de vítimas.
Saleh foi ferido em um atentado na cidade de Sana e está refugiado desde junho na Arábia Saudita, mas se recusa a deixar o poder.
A Oxfam faz um alerta: uma verdadeira catástrofe acontecerá se a comunidade internacional não se mobilizar para ajudar o Iêmen, o mais pobre dos países árabes. E ainda afirma que a instabilidade política e a insegurança que reinam no país, onde grupos ligados à Al-Qaeda são ativos, dificultam as intervenções humanitárias.
"Isso justifica a ausência de ações imediatas", diz o relatório.