Costa Concordia (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 15h43.
São Paulo – A conversa dramática entre o chefe da capitania dos portos de Livorno (Itália), capitão Gregorio De Falco, e Francesco Schettino, comandante do cruzeiro Costa Concordia, está fazendo surgir um novo herói diante do acidente que já deixou 11 mortos e 24 desaparecidos, além de 60 feridos.
A Itália está encantada com a atuação profissional e humana do capitão De Falco, que ordenou furiosamente por telefone para que o comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino - que havia abandonado o barco - retornasse imediatamente ao navio com o objetivo de supervisionar as operações de resgate. Naquele momento, aproximadamente 300 pessoas ainda estavam a bordo da embarcação.
No outro lado da linha estava Schettino. Os jornais italianos já o chamam de covarde por fugir diante da adversidade, e ele está sob prisão domiciliar acusado de homicídio culposo múltiplo por ter abandonado o navio antes de retirar todos os passageiros.
O áudio disponível abaixo mostra trecho da conversa ocorrida poucos minutos após a embarcação ter se chocado contra uma rocha na última sexta-feira na Ilha de Gíglio. A discussão revela como Gregorio De Falco foi digno de crédito por ter salvado a honra nacional em uma das noites mais sombrias do país:
OBS: O áudio é original e está legendado em português.
O vídeo foi disponibilizado por usuário do YouTube
Camisetas a favor de De Falco
A frase Volte ao navio, cazzo! usada pelo chefe da capitania dos portos contra o comandante do Costa Concordia já está virando febre na Itália. Até camisetas estampadas estão sendo comercializadas nas lojas de todo o país.
E os elogios a ele não param por aí. "Obrigado, capitão". Esta era a manchete desta quarta-feira do Corriere della Sera, que demonstrou o sentimento de gratidão da Itália. A ação fo capitão foi classificada como heróica, ao mesmo tempo em que o comportamento de Schettino foi visto uma vergonha para o país.
"Dois homens... duas histórias, um que nos humilhou, o outro que nos redimiu. Obrigado, capitão De Falco. Nosso país precisa urgentemente de pessoas como você", assinalou o Corriere dela Sera.
"Não sou nenhum herói", disse De Falco, citado pela agência de notícias Reuters, a repórteres nesta quarta-feira, quando entrava no edifício da magistratura da cidade de Grosseto, na Toscana, para dar seu depoimento à investigação sobre o acidente.