O general Pérez Molina derrotou no segundo turno o empresário e advogado populista Manuel Baldizón, do partido Libertad Democrática Renovada (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2011 às 05h13.
Guatemala - O general reformado Otto Pérez Molina, que virou político em 2000 e eleito neste domingo como o próximo presidente da Guatemala, governará o país 26 anos depois do último regime militar de fato, que foi liderado pelo general Oscar Mejía Víctores.
Pérez Molina, de 61 anos, derrotou no segundo turno o empresário e advogado populista Manuel Baldizón, do partido Libertad Democrática Renovada (Líder), segundo os resultados das votações divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).
Segundo os últimos dados oficiais, com 90,44% dos votos apurados, Pérez Molina obteve o apoio de 54,89% dos eleitores, o que implica uma vantagem de 9,78 pontos sobre Baldizón.
Respaldado pelo direitista Partido Patriota (PP), este militar ganhou a Presidência do país para substituir a partir do dia 14 de janeiro de 2012 e por um período de quatro anos o social-democrata Álvaro Colom, para quem perdeu a Presidência nas eleições de 2007, na qual concorreu pela primeira vez.
De religião católica, com um mestrado em Política e Relações Internacionais, ex-kaibil - tropa de elite treinada para a guerra - e ex-oficial de Inteligência Militar, Pérez Molina também foi o mais votado nas eleições gerais do dia 11 de setembro com 36,09% dos votos.
Nascido no dia 1º de dezembro de 1950 na Cidade da Guatemala, o presidente eleito iniciou sua carreira militar em 1966 como cavalheiro cadete na Escola Politécnica, na qual se graduou com honras e esteve 30 anos ao serviço das Forças Armadas de seu país.
Casado desde 1971 com a professora Rosa María Leal e pai de dois filhos (Otto e Lisseth), Pérez foi deputado do PP entre 2004-2008.
Chefe do já desaparecido Estado-Maior Presidencial (EMP) durante o Governo de Ramiro de León Carpio (1993-1996), como general lhe coube negociar e assinar a paz com a guerrilha guatemalteca no dia 29 de dezembro de 1996 em nome do Exército, do qual foi oficial de operações e paraquedista, entre outros cargos.
Nos anos 80, durante a guerra interna na Guatemala entre 1960 e 1996, Pérez Molina foi destacado na área Ixil, uma das regiões indígenas mais conflituosas do país, localizada no noroeste da Guatemala, onde foram registradas centenas de violações aos direitos humanos.
Apesar das múltiplas acusações que pesam contra o 'comandante Tito', pseudônimo que Pérez Molina utilizou durante a guerra, nenhuma delas foi provada por ativistas de direitos humanos e opositores políticos, por isso que nenhum tribunal as aceita.
Em 1982, como oficial do Exército, foi chave para a substituição do general golpista José Efraín Ríos Montt, acusado de múltiplos massacres nessa região do departamento de Quiché.
Também foi protagonista para evitar a ruptura constitucional promovida pelo ex-presidente Jorge Serrano que em maio de 1993 fracassou em sua tentativa de dar um 'autogolpe' de Estado.
Segundo sua folha de serviço, em 1996 foi inspetor-geral do Exército e entre 1998-2000 esteve na Junta Interamericana de Defesa com sede em Washington.
Ao se aposentar da instituição militar em 2000, começou a construir seu partido, mas teve que esperar cinco anos - por causa de uma proibição constitucional - para concorrer como candidato presidencial até 2007, quando perdeu para Colom, candidato da União Nacional da Esperança (UNE).
No pleito de 2003 ganhou uma cadeira no Congresso para o período 2004-2008.
Admirador do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy e do guatemalteco Jacobo Arbenz Guzmán, a que considera como 'símbolos e personagens de luta e exemplos a seguir', Pérez Molina promete 'mão dura' contra o crime organizado.
Em pesquisas antes das votações a maioria dos guatemaltecos o considerou como o candidato 'mais capaz' para enfrentar a criminalidade que preocupa a população e que diariamente tira a vida de 17 pessoas no país.
Proprietário de granjas no Caribe e na Costa Sul da Guatemala onde cultiva seringueiras e limão, cria gado e pescado para exportação, Pérez Molina se transformou no sétimo presidente do país após a instauração da democracia em 1986.