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Otan se reúne para discutir defesa europeia e conflito sírio

Os receios americanos sobre os planos de defesa europeus e a tensão entre Washington e Ancara na luta antijihadista dominaram o encontro dos ministros

Otan: outro dos assuntos a dominar a reunião de dois dias é a ofensiva da Turquia no norte da Síria contra as forças curdas (Frederic Sierakowski/Reuters)

Otan: outro dos assuntos a dominar a reunião de dois dias é a ofensiva da Turquia no norte da Síria contra as forças curdas (Frederic Sierakowski/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 11h25.

Os receios americanos sobre os planos de defesa europeus e a tensão entre Washington e Ancara sobre o impacto da operação turca na Síria na luta antijihadista dominaram um encontro dos ministros da Otan nesta quarta-feira.

"A iniciativa europeia pode contribuir para uma distribuição mais justa" dos gastos militares na Aliança, apontou o secretário-geral Jens Stoltenberg, depois de ter alertado no dia anterior contra uma competição UE-Otan, ecoando as preocupações do principal aliado, os Estados Unidos.

A chegada de Donald Trump à Casa Branca tem sido um incentivo para a organização transatlântica, cujos membros foram convidados a cumprir seu compromisso de aumentar as despesas militares a 2% do PIB nacional antes de 2024 e a se envolver mais na luta contra o terrorismo.

Na sequência deste aumento dos gastos militares, a UE lançou em dezembro uma Cooperação Estruturada Permanente (Pesco) incluindo a maioria dos países, a fim de relançar o antigo sonho de uma Europa da Defesa.

Mas o ímpeto europeu, que busca desenvolver a investigação e a aquisição de equipamentos militares, preocupa os Estados Unidos, que teme "uma retirada dos recursos ou capacidades" da Otan, segundo afirmou Katie Wheelbarger, autoridade americana da Defesa, antes da reunião.

Os europeus, por outro lado, enfatizam os benefícios para a organização transatlântica de um reforço da defesa na UE. "Existe uma complementaridade com a Otan. Os europeus não procuram duplicações inúteis", de acordo com um diplomata europeu em Bruxelas.

Para outra fonte diplomática em Bruxelas, as dúvidas se resumem a uma questão de dinheiro, uma vez que, com a Pesco, os americanos temem limitar seu "acesso ao mercado de defesa" dos países da UE em benefício da indústria europeia.

A embaixadora americana na Otan, Kay Bailey Hutchinson, aumentou a pressão na terça-feira contra um eventual plano "protecionista" da UE.

Os aliados também vão abordar a iniciativa da UE durante um jantar de trabalho nesta quarta-feira com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Stoltenberg já avançou na terça-feira que há "diferenças de ponto de vista", mas não uma "falta de confiança".

Outro dos assuntos a dominar a reunião de dois dias é a ofensiva da Turquia no norte da Síria contra as forças curdas - aliadas de Washington - e que, para o secretário de Estado americano Rex Tillerson, enfraquece a luta contra o grupo extremista Estado Islâmico.

"Esses eventos são uma grande preocupação para nós e serão parte das discussões", disse na quarta-feira a primeira-ministra alemã, Ursula von der Leyen, que descartou qualquer intervenção da Otan para reduzir a tensão entre Washington e Ancara.

A solução poderia passar por um diálogo bilateral, especialmente depois que a embaixadora americana na Otan chamou a Turquia de um importante aliado.

O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, se reunirá em Bruxelas com o seu homólogo turco, enquanto Tillerson viajará para Ancara em breve.

A reunião de dois dias também servirá para abordar as mudanças na estrutura da Otan, com a criação de dois quartéis de comando nos Estados Unidos e na Alemanha, para adaptar a Aliança aos desafios do século XXI.

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