Mundo

Otan passa para operação de apoio no Afeganistão

Otan passa de uma missão de combate para instrução, assessoria e assistência às forças de segurança locais

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2014 às 13h20.

Bruxelas - A Otan inicia nesta quinta-feira a operação 'Apoio Decidido' no Afeganistão, e com isso passa de uma missão de combate para instrução, assessoria e assistência às forças de segurança locais, consciente dos 'muitos desafios' que Cabul e a Aliança ainda enfrentam no país centro-asiático.

A nova missão contará com presença de 12 mil soldados dos aliados e parceiros da Otan, dos quais 10.800 serão fornecidos pelos Estados Unidos. A nova operação atuará de uma base principal em Cabul-Bagram e em Mazar-e-Sharif, no norte do Afeganistão, Herat (oeste), Kandahar (sul) e Jalalabad (leste).

Os soldados já estarão completamente prontos amanhã, disseram à Agência Efe fontes da Otan. As tarefas de assessoria e instrução serão realizadas conjuntamente aos ministérios responsáveis pela segurança, outras instituições, exército e polícia.

Os 28 países aliados contribuirão de diferentes maneiras para a missão, assim como outros 14 parceiros da Otan. Os EUA liderarão os trabalhos da missão no sul e no leste, a Alemanha no norte, a Itália no oeste e a Turquia na capital.

Após o fim oficial às 12h de hoje da missão de combate da Força Internacional de Assistência para a Segurança no Afeganistão da Otan (Isaf), após 13 anos de presença no país e com uma baixa de 3.485 soldados mortos, a segurança ficará completamente nas mãos dos 350 mil soldados e policiais locais.

A Aliança também se comprometeu a seguir apoiando financeiramente as forças e instituições de segurança afegãs e definiu com Cabul uma 'aliança duradoura' para consultas políticas a longo prazo e cooperação prática após 2014.

Mas a nova missão começa sua caminhada em um dos momentos mais violentos do conflito, e, além disso, existem outros problemas, como a elevada produção de drogas, a grande corrupção e a complicada governança do país.

O presidente Ashraf Gani lidera um governo de unidade no qual seu oponente eleitoral, Abdullah Abdullah, ocupa o novo cargo de chefe do Executivo, mas ainda é preciso formar o gabinete de ministros.

O Afeganistão continua sendo um dos países mais corruptos do mundo, segundo o índice da Transparência Internacional, e o cultivo e a produção do ópio da nação, que produz aproximadamente 90% dos opiláceos ilícitos do mundo, aumentaram 7% e 17%, respectivamente, em 2014, segundo a ONU.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que com a nova missão a Aliança e o Afeganistão 'abrem um novo capítulo' em suas relações, mas admitiu que 'restam muitos desafios' e 'muito trabalho' para fazer.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que o Afeganistão 'continua sendo um lugar perigoso'.

O número de vítimas civis (que incluem mortos e feridos) no Afeganistão aumentou quase 20% em 2014, segundo o último relatório da ONU, que prevê que o número superará a barreira de 10 mil pela primeira vez desde que este registro começou a ser feito, em 2008.

Bruno Lété, analista do German Marshall Fund dos EUA, disse à Efe que 2014 foi o 'mais sangrento' desde que começou a insurgência depois da invasão internacional que acabou com o regime talibã, em 2001.

O movimento talibã comemorou o fim da missão de combate aliada no país. Stoltenberg respondeu afirmando que os esforços por desestabilizar o país 'são em vão'.

Não há ainda uma decisão sobre a duração da nova missão, mas a Otan sabe que se os EUA colocarem um limite para sua participação na operação, o mais provável é que os demais aliados também saiam do Afeganistão.

Lété acredita que a cúpula da Aliança de 2016, em Varsóvia, avaliará o resultado da nova missão e será um momento crucial para definir o futuro da operação da Otan na Afeganistão.

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoÁsiaEstados Unidos (EUA)OtanPaíses ricosseguranca-digital

Mais de Mundo

Rússia diz que Biden deu a Zelensky “permissão suicida” para usar armas de longo alcance

França elogia decisão dos EUA de permitir uso de mísseis pela Ucrânia

Presidente do Paraguai está “estável”, diz primeiro boletim médico de hospital no RJ

Presidente paraguaio passa mal no G20 e é hospitalizado no Rio de Janeiro