Emblema da Otan: "A Otan voltou à política de contenção da Rússia, aos instrumentos de confronto para garantir sua segurança" (John Thys/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de janeiro de 2016 às 07h27.
Moscou - O rearmamento da Otan nos países do leste da Europa e no Báltico, na fronteira com a Rússia, está tomando forma de preparativos militares contra Moscou, advertiu o embaixador russo na Aliança, Aleksandr Grushko, em entrevista publicada nesta segunda-feira pela "Interfax".
"A Otan voltou à política de contenção da Rússia, aos instrumentos de confronto para garantir sua segurança. Tudo isto toma a forma de preparativos militares concretos em torno das fronteiras da Rússia e investir nesta tendência será complicado inclusive se houver vontade política", lamentou Grushko.
A Aliança Atlântica, ressaltou o diplomata russo, voltou a pôr "a armadura da Guerra Fria e não tem intenção de tirá-la".
"O que se tenta é levantar uma nova Cortina de Ferro na Europa, forçar os europeus esquemas de segurança da época do confronto, e de quebra demonstrar que a Aliança é capaz de defender seus interesses", recalcou Grushko.
A Rússia, no entanto, aposta em "uma arquitetura da segurança comum, baseada na indivisibilidade da segurança", explicou o embaixador russo na Otan, que se mostrou confiante de que "tarde ou cedo em Bruxelas tomarão consciência disto".
"Hoje em dia ninguém é capaz de criar ilhotas de segurança. A cooperação no problema nuclear iraniano, a destruição das armas químicas sírias, a cada vez mais forte cooperação na luta contra o Estado Islâmico demonstram a inocuidade das tentativas de isolar a Rússia", concluiu.
Os Estados Unidos confirmaram em junho seus planos de desdobrar temporariamente tanques, veículos blindados e artilharia em Bulgária, Polônia, Romênia, Estônia, Letônia e Lituânia.
As relações entre Rússia e a Otan se deterioraram nos últimos anos e chegaram a um nível sem precedentes desde a desintegração da União Soviética, primeiro pelos planos dos EUA de desdobrar um escudo antimísseis no leste da Europa e depois pela crise da Ucrânia.
A Aliança Atlântica reforçou notavelmente sua presença militar desde a anexação russa da Crimeia e a sublevação pró-russa no leste da Ucrânia.
A Otan também inaugurou seis novos quartéis-gerais no leste da Europa, o que o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, qualificou como o maior plano de rearmamento da Otan desde a Guerra Fria.
Esses quartéis, que funcionarão como centros de planejamento e coordenação para missões de treinamento das forças de resposta rápida, foram abertos em Estônia, Letônia, Lituânia, Bulgária, Romênia e Polônia, os países mais preocupados com a ingerência russa na Ucrânia.