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Otan e Rússia retomam diálogo após cúpula de Varsóvia

Moscou deseja abordar o tema do reforço da segurança aérea na região do mar Báltico, uma fonte de grande tensão


	Rússia: também figuram na agenda a crise na Ucrânia, a transparência militar e a situação no Afeganistão
 (Grigory Dukor / Reuters)

Rússia: também figuram na agenda a crise na Ucrânia, a transparência militar e a situação no Afeganistão (Grigory Dukor / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2016 às 12h12.

A Otan e a Rússia retomam nesta quarta-feira o diálogo diplomático pela primeira vez desde a cúpula de Varsóvia, quando a Aliança decidiu posicionar 4.000 soldados nos países bálticos e na Polônia para reforçar sua segurança.

Os embaixadores dos 28 países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte e seu colega russo Alexandre Grushko se reunirão na sede da Otan em Bruxelas para participar no "Conselho Otan-Rússia", uma instância de diálogo paralisado desde a crise ucraniana em 2014.

"Informaremos a Rússia sobre as importantes decisões que tomamos em Varsóvia na semana passada para reforçar nossa segurança", explicou Carmen Romero, porta-voz da Otan.

Também figuram na agenda a crise na Ucrânia, a transparência militar e a situação no Afeganistão.

Moscou deseja abordar o tema do reforço da segurança aérea na região do mar Báltico, uma fonte de grande tensão.

Os países bálticos, membros da Otan, acusam os aviões militares russos de aproximação de suas fronteiras sem transponderes, o que impossibilita sua detecção pelos radares e aumenta os riscos de colisão.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou no início do mês, durante uma visita a Finlândia, que era favorável ao fim deste tipo de voo.

Grushko deve apresentar aos colegas em Bruxelas "os detalhes técnicos" para evitar este tipo de voos no futuro.

"Veremos depois se isto pode servir de base para retomar a comunicação por canais militares", interrompida desde maio de 2014, disse um diplomata da Otan que pediu anonimato.

A Rússia também pretende ressaltar o que considera "riscos crescentes que surgiram com o sistema antimísseis da Otan na Europa", indicou o ministério das Relações Exteriores.

Durante a reunião de Varsóvia na semana passada, os dirigentes da Aliança do Atlântico aprovaram o envio de quatro batalhões multinacionais aos três países bálticos e a Polônia a partir de 2017.

Dirigidos por Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Reino Unido, os batalhões contarão com entre 600 a 1.000 homens cada.

A mobilização perto da fronteira russa provocou a fúria de Putin, que acusou recentemente a Otan de desejar levar seu país a uma corrida armamentista "frenética" e romper o "equilíbrio militar" em vigor na Europa desde o fim da URSS.

"Não buscamos o confronto. Continuamos aspirando ter uma relação mais construtiva com a Rússia, quando as ações da Rússia tornam isto possível", disse Romero.

Para protestar contra a anexação da Crimeia pela Rússia e a ofensiva dos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia em 2014, a Otan suspendeu qualquer cooperação prática com Moscou, que acusa de apoiar militarmente os rebeldes.

A crise, que levou os ex-países do bloco soviético a unir-se à Otan por suas inquietações sobre integridade territorial, levou a Aliança a aprovar um reforço militar sem precedentes desde o fim da Guerra Fria.

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