Caças franceses em direção à Líbia (Alexander Klein/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2011 às 18h17.
Trípoli - Aviões da Otan destruíram as torres de vigilância do complexo do líder líbio, Muammar Kadafi, em Trípoli, informou neste sábado uma autoridade da aliança. Em seguida, a Otan realizou um raro ataque à luz do dia na capital da Líbia, aumentando a pressão pela saída do governante.
"Tufões da Força Aérea Real, além de outras aeronaves da Otan, usaram na noite passada armas de precisão para derrubar as duas torres de vigilância e os muros do complexo de Bab al-Aziziyah, do coronel Gaddafi, no centro de Trípoli", afirmou em comunicado o major-general John Lorimer, porta-voz chefe do setor militar britânico.
"A ação da noite passada manda uma poderosa mensagem à liderança do regime e àqueles envolvidos em realizar os ataques do coronel Gaddafi a civis, de que eles não estão mais escondidos do povo líbio por trás dos muros", afirmou.
"O grande complexo não é apenas a casa dele, mas também um grande quartel militar e quartel-general, e abriga o coração de sua rede de polícia secreta e agências de inteligência", afirmou Lorimer. "Ataques anteriores da Otan atingiram o comando, o controle e outras instalações militares no complexo."
A Otan levou adiante seu quinto dia seguido de ataques noturnos com uma operação à luz do dia, que enviou uma coluna de fumaça ao céu na região do complexo de Gaddafi. Uma grande explosão sacudiu Trípoli por volta das 5h (horário de Brasília), mas não estava claro se foi causada por uma bomba ou um míssil.
Um porta-voz militar da Otan afirmou que o ataque de dia tinha como alvo "um complexo de armazenamento de veículos 600 a 800 metros a leste da chamada área privada de Gaddafi. Não é parte do complexo principal de Gaddafi".
Após o ataques aéreos noturnos de sexta-feira, a emissora estatal líbia informou que as operações da Otan causaram danos "humanos e materiais" perto de Mizda, no sul.
A Rússia se juntou aos líderes ocidentais na sexta-feira ao instar Gaddafi a deixar o governo e se ofereceu para mediar a sua saída, proporcionando um grande impulso para as potências da Otan que pretendem acabar com o longo governo do coronel líbio.
Foi uma mudança fundamental no tom de Moscou, que anteriormente já havia criticado os ataques contra a Líbia, que já duram dez semanas.
A Otan interveio sob mandato da ONU para proteger os civis das forças de Gaddafi, mas efetivamente auxiliando os rebeldes em sua tentativa de derrubá-lo e acabar com o prospecto de uma longa guerra civil.
"Há sinais crescentes de que está crescendo o impulso dos que lutam contra Gaddafi. Assim, é correto aumentar a pressão militar, econômica e política", disse o primeiro-ministro britânico, David Cameron, em uma cúpula na França do Grupo dos Oito países mais ricos.
O presidente russo, Dmitry Medvedev, afirmou a Gaddafi, que chegou ao poder em um golpe em 1969, que ele não tinha o direito de governar a Líbia.
"A comunidade internacional não o vê como o líder da Líbia", disse Medvedev a repórteres durante a cúpula, acrescentando que enviará uma delegação à Líbia para iniciar as negociações.
A cidade de Misrata, terceira maior do país, controlada pelos rebeldes e que foi palco de duras batalhas no conflito, testemunhou na sexta-feira o segundo dia de intensos conflitos no subúrbio oeste.
Médicos no hospital de Misrata disseram que cinco rebeldes foram mortos e mais de uma dezena ficaram feridos.
Abdelsalam, um porta-voz dos rebeldes em Misrata, informou que a situação estava mais calma neste sábado.
"Quando as forças de Gaddafi lançam um ataque fracassado, eles geralmente levam de dois a três dias para se recuperar", disse.