Jens Stoltenberg: "qualquer tentativa de ampliar ainda mais o território controlado pelos separatistas seria uma clara violação do acordo de Minsk" (Emmanuel Dunand/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2015 às 14h27.
Helsinque - O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou nesta quinta-feira em Helsinque que a organização está "muito preocupada" pela situação no leste da Ucrânia e denunciou que foi detectado "um aumento substancial do apoio da Rússia aos separatistas" no âmbito militar.
"A Otan, desde o final da Guerra Fria, se esforçou em construir uma relação mais construtiva com a Rússia, e continuamos a fazê-lo. Mas, para isso, a Rússia deve respeitar seus vizinhos e suas fronteiras", disse Stoltenberg em entrevista coletiva concedida em conjunto com o primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb.
O secretário-geral ressaltou que a Otan comemora os acordos de Minsk e o fim dos combates entre Kiev e os separatistas pró-Rússia, mas advertiu que o desrespeito ao que foi pactuado na capital de Belarus no dia 12 de fevereiro poderá provocar uma escalada do conflito.
"Qualquer tentativa de ampliar ainda mais o território controlado pelos separatistas seria uma clara violação do acordo de Minsk e um ato inaceitável para a comunidade internacional", disse.
O secretário-geral da Otan se mostrou preocupado pela possibilidade de que os separatistas utilizem a trégua para preparar uma ofensiva e aumentar assim o território sob seu controle, graças ao apoio de Moscou.
"Não vou entrar em números concretos, mas posso confirmar que vimos um aumento substancial do apoio da Rússia aos separatistas, tanto em efetivos como em treinamento militar e fornecimento de armamento pesado", disse.
Segundo Stoltenberg, as forças separatistas contam com mais de mil peças de artilharia, carros de combate e sistemas antiaéreos avançados, "um armamento que só pode proceder da Rússia".
Apesar de o Kremlin negar reiteradamente sua participação no conflito, Stoltenberg assegurou que esta informação é totalmente confiável porque procede da própria inteligência da Otan, de relatórios da OSCE e da ONU, e foi além disso confirmada por cidadãos ucranianos.
"Não hão nenhuma razão para discutir se as forças russas estão presentes na Ucrânia. Primeiro anexaram a Crimeia, após negar que lá houvesse tropas russas, e agora estão no leste da Ucrânia", afirmou.
"Fazemos um apelo à Rússia para que retire todas as suas tropas do leste da Ucrânia e utilize toda a sua influência sobre os separatistas para garantir que respeitam o cessar-fogo e permitem aos observadores da OSCE supervisionar o cumprimento dos acordos de Minsk", acrescentou.