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Otan acredita que Bósnia começa a ver luz no fim do túnel

O governo de Sarajevo pretende apresentar em junho a candidatura ao ingresso na UE, assim como avançar no processo de integração na Aliança Atlântica

Mudança é atribuída, entre outras coisas, à captura em solo sérvio dos últimos grandes criminosos de guerra servo-bósnios (Radovan Karadzic e Ratko Mladic) (Pascal Guyot/AFP)

Mudança é atribuída, entre outras coisas, à captura em solo sérvio dos últimos grandes criminosos de guerra servo-bósnios (Radovan Karadzic e Ratko Mladic) (Pascal Guyot/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2012 às 20h55.

Bruxelas - A União Europeia e a Otan acreditam que a Bósnia-Herzegovina começou a ver nos últimos meses uma luz no fim de um longo túnel, após uma série de passos que parecem mostrar as duas entidades autônomas do país unidas e pensando no futuro.

De fato, o governo de Sarajevo pretende apresentar em junho a candidatura ao ingresso na UE, assim como avançar no processo de integração na Aliança Atlântica.

Após uma guerra civil especialmente brutal (1992-95) e acordos de paz em 1995 que criaram um Estado fraco com duas entidades muito autônomas (a sérvia e a croata-muçulmana), a Bósnia viveu muitos anos sem a vontade de seus integrantes de conviver entre si.

Grande parte da responsabilidade recai sobre a entidade sérvia (República Sérvia) que por muito tempo tentou um plebiscito de autodeterminação, além de negar ou minimizar os crimes cometidos durante a guerra e tentar debilitar o Estado central.

''Os servo-bósnios estiveram sempre jogando no limite, e tinham oxigênio da Sérvia, onde os principais responsáveis de crimes da guerra bósnia se escondiam'', acrescenta. Os croatas da outra entidade também sofreram tentações ao olhar à vizinha Croácia.

No entanto, desde dezembro a eleição de um novo primeiro-ministro, o croata Vjekoslav Bevanda (economista com fama de eficaz), e a aprovação de duas leis-chave sobre a criação da Polícia e do Ministério da Defesa autenticamente unidos deram uma reviravolta à situação.

Em Bruxelas, esta mudança é atribuída a vários fatores exteriores: a entrada da Croácia na UE em julho de 2013; a declaração da Sérvia como país candidato à adesão e a captura em solo sérvio dos últimos grandes criminosos de guerra servo-bósnios (Radovan Karadzic e Ratko Mladic).

Todos esses aspectos mostraram que as duas entidades da Bósnia deviam avançar unidas para não ficarem sozinhas no caminho à integração na Europa.


''Da mesma forma como a UE foi muito ineficaz em evitar a guerra ou em colocar-lhe um fim, foi muito eficaz depois'', resume uma fonte diplomática europeia, para quem apesar da situação do país não permitir celebrações, ''pelo menos é estável''.

Além disso, as autoridades bósnias viram que, em um cenário regional cada vez mais voltado à cooperação, ou o país se encaixava nas condições internacionais ou seria o último da fila europeia.

Bevanda e o atual presidente da Bósnia, Bakir Izetbegovic, viajaram separadamente a Bruxelas durante março para explicar os avanços aos principais responsáveis da União Europeia.

A UE sempre tratou a Bósnia-Herzegovina como um país e deixaram claro que sem uma relação de cooperação entre suas partes internas ''não trabalharíamos com eles'', lembra uma fonte da Comissão Europeia relacionada com os processos de ampliação comunitária.

Enquanto isso, a Otan acredita que a lei sobre o Ministério da Defesa ''é um passo importante'' que permitirá aplicar o programa para a integração.

Dessa forma, a Bósnia poderá receber em um prazo relativamente curto o convite para ingressar no organismo, apesar de não parecer que a cúpula da Aliança realizada em Chicago nos dias 20 e 21 de maio chegará a tempo dessa decisão.

Bósnia ainda enfrenta graves problemas internos: além das feridas da guerra civil que não cicatrizaram totalmente, o desemprego se aproxima de 45% e há altos níveis de corrupção e clientelismo político. No entanto, há no momento uma força interna inexistente nos últimos 20 anos. 

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