O ex-presidente costa riquenho, Óscar Arias ( Mayela Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2011 às 13h48.
Caracas - O ex-presidente da Costa Rica, Óscar Arias, questionou os gastos na compra de armamentos por parte do Brasil e da Venezuela, quando, a seu ver, ainda é preciso resolver problemas sociais e econômicos nesses países, segundo artigo publicado nesta quinta-feira no jornal El Nacional.
"Vejo com curiosidade como países como Venezuela e Brasil gastam mais dinheiro em armas do que em educação. Contra quem é a guerra? Com o custo de um tanque, pode-se construir um hospital, com o que vale um helicóptero de artilharia, são construídas várias escolas", afirmou Arias durante uma visita a Maracaibo (leste da Venezuela).
"Esse dinheiro sem dúvida alguma estaria melhor destinado se fosse para a construção de infraestruturas, escolas, colégios, usinas de geração elétrica e todos os hospitais que não existem, enfim, tudo que não temos e que tornam nossas economias pouco competitivas", acrescentou o ex-presidente.
Em uma conferência na Universidade Rafael Urdaneta de Maracaibo, Arias questionou os gastos em armamento no mundo, particularmente na América Latina, porque "não há realmente inimigos nem conflitos de fronteira".
"Creio nisso porque venho de um país que aboliu o Exército e desfrutamos da possibilidade de ter um orçamento que investe em educação e saúde, e não em armas e soldados", acrescentou o ex-presidente.
Segundo dados de diferentes organizações não-governamentais, Brasil, Colômbia, Chile e Venezuela seriam, nesta ordem, os principais compradores de armas da região.
O Brasil está em processo de licitação para a contra de 36 aviões de combate e anunciou em 2009 a aquisição de cinco submarinos e 50 helicópteros de fabricação francesa.
Por sua parte, a Venezuela encomendou em 2010, graça a um empréstimo russo de 2,2 bilhões de dólares, tanques T-72 e um número não determinado de mísseis de defesa antiaéreos S-300 à Rússia, de quem, no pasado, já 24 caças Sukhoi-30, 50 helicópteros de combate e 100.000 fuzis de assalto Kalashnikov.
Além disso, em 2008, o governo venezuelano negociou com a China a compra de 18 aviões de combate K-8, dos quais já recebeu um lote.