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Os possíveis cenários após as eleições na Itália

No próximo domingo, os italianos vão às urnas para eleger deputados e senadores em meio a um panorama político fragmentado e incerto

Eleições na Itália (Alessandro Bianchi/Reuters)

Eleições na Itália (Alessandro Bianchi/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de março de 2018 às 11h35.

Os italianos vão às urnas em 4 de março para eleger deputados e senadores em meio a um panorama político fragmentado e a um sistema eleitoral complexo, que deixam entrever vários cenários possíveis, segundo especialistas. Confira abaixo o que pode acontecer após as eleições:

Vitória da coalizão direita-extrema direita

"É pouco provável que um desses três candidatos consiga maioria absoluta, mas, entre eles, há um, apenas um, que poderia conseguir. É a direita", declarou recentemente o diretor do Departamento de Ciência Política da Universidade Luiss de Roma, Roberto D'Alimonte.

A coalizão reúne quatro partidos, entre eles, o Forza Italia (FI, centro-direita), de Silvio Berlusconi, e a Liga (extrema direita), de Matteo Salvini. Em virtude de seu acordo interno, quem ficar na liderança vai dirigir o governo.

Se a FI ficar na frente, Berlusconi - proibido de assumir qualquer cargo público até 2019, após uma condenação por fraude fiscal - disse querer ver Antonio Tajani chefiando o governo. Este último já declarou que não está preparado para deixar a Presidência do Parlamento europeu.

Se a Liga levar a melhor, Salvini será o chefe de governo... desde que Berlusconi tenha voz e fique bem atrás dele.

Grande coalizão

Em plena campanha eleitoral, nem Berlusconi, nem Matteo Renzi, chefe do Partido Democrata (PD, de centro esquerda), podem se dar ao luxo de evocar um cenário ao atual estilo alemão de "grande aliança", mas o fato é que isso já aconteceu recentemente, depois das últimas legislativas, em 2013.

Segundo o site Votewatch Europe, os eleitos da FI no Parlamento europeu votaram em 74% dos casos como seus colegas do PD, mas apenas 36% das vezes como os da Liga.

Nada garante, porém, que o PD, a FI e seus aliados eurófilos, eventualmente reforçados por alguns dissidentes da Liga que apreciam muito pouco essa recente virada soberanista, obtenham uma quantidade suficiente de cadeiras para terem maioria em suas duas Casas.

Uma outra coalizão hipotética e improvável, negada por interesses ainda em vigor, poderia reunir os eurocéticos, a Liga e o Movimento 5 Estrelas (populistas). Mas nem essa aliança tem garantia de que conseguirá o número suficiente de assentos, correndo ainda o risco de forte oposição desses partidos.

Sem maioria parlamentar

Nas últimas pesquisas, a coalizão de direita aparece com pelo menos 38% das intenções de voto (com 17% para a FI, e 13%, para a Liga); o M5S, com 28%; e a coalizão de centro esquerda, com 26%. Ainda há milhões de indecisos.

Se nenhuma maioria se desenhar, o presidente da República, Sergio Mattarella, deixará em função o governo atual de Paolo Gentiloni (centro esquerda) - o qual não tem necessidade de solicitar uma moção de confiança do novo Parlamento - para administrar os assuntos correntes.

De qualquer maneira, esse procedimento levará tempo.

As duas Câmaras se reúnem pela primeira vez em 23 de março para eleger seus dois presidentes e constituir as comissões. Apenas aí Mattarella fará suas consultas.

A Itália aprendeu a viver na incerteza: foram mais de 60 governos desde o início da República, em 1946.

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