Polícia marítima patrulha costa da Somália, na África (jason florio/Corbis/Getty Images)
Carla Aranha
Publicado em 21 de agosto de 2020 às 12h36.
Última atualização em 22 de agosto de 2020 às 10h02.
Depois de um período de hibernação, os piratas do século 21, que atacam navios de carga para exigir um resgate pelo sequestro da tripulação, voltaram à ativa. Só no primeiro semestre do ano, foram registrados 98 ataques, diante de 78 no mesmo período do ano passado, um recorde dos últimos nove anos. As informações são do International Maritime Bureau (IMB), com sede em Londres, que monitora as ações dos piratas.
O ataque mais recente aconteceu nesta quarta-feira, 19, na costa da Somália, na África, quando piratas da região invadiram uma embarcação com bandeira do Panamá que precisou parar no porto de Mogadishu, capital da Somália, para fazer reparos no navio. Os piratas agiram durante a madrugada. O governo está negociando a liberação da tripulação, segundo as autoridades locais.
Foi o primeiro ataque bem-sucedido na região desde 2017, quando criminosos invadiram um navio indiano no litoral da Somália e mantiveram os 11 tripulantes como reféns. Desde então, um conjunto de esforços para aprimorar o patrulhamento do litoral africano e de outras regiões do mundo reduziu a dimensão dessas ações criminosas.
Em 2011, quando houve um pico na atividade dos piratas, foram reportados mais de 240 ataques a navios, principalmente no litoral africano – embarcações que partem da Índia e Oriente Médio, com destino à Europa, costumam passar pela região.
Depois isso, a União Europeia e diversos países implementaram novas políticas de segurança de navegação. Com a crise de coronavírus, no entanto, a fiscalização acabou não se mantendo nos mesmos patamares de anos anteriores. Os ataques têm acontecido principalmente na costa da África.
Os navios de carga têm enfrentado outros problemas desde o início da pandemia do coronavírus. Uma das maiores preocupações das tripulações são os casos de infecção pela covid-19, que podem se espalhar rapidamente pelas embarcações.
Por isso, quando algum marinheiro contrai o vírus, é preciso atracar o navio e permanecer no porto por pelo menos 14 dias. Em terra, todos os tripulantes são testados e aguardam autorização para poder zarpar novamente. Com isso, o tranporte marítimo passou a estar sujeito a mais atrasos. "Como se não bastasse, agora há também os ataques de piratas, embora se limitem mais à costa africana", diz Michael Howlett, diretor do IMB.