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Os países que estão atrapalhando as negociações na COP18

A crítica é feita por meio da entrega do Prêmio Fóssil do Dia, um agrado irônico aos governos que estão fazendo o seu melhor para atrapalhar os esforços mundiais


	O troféu é entregue durante todos os dias do evento
 (Axel Schmidt/AFP)

O troféu é entregue durante todos os dias do evento (Axel Schmidt/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2012 às 15h43.

São Paulo - Já virou tradição nas COPs de Mudanças Climáticas: todos os anos, a organização Climate Action Network (CAN) – que reúne mais de 700 ONGs de todos os cantos do mundo – aponta quais são os países que estão deixando a desejar durante as negociações da Conferência.

A crítica é feita por meio da entrega do Prêmio Fóssil do Dia, um agrado irônico aos governos que estão fazendo o seu melhor para atrapalhar os esforços mundiais de combate às mudanças climáticas.

O troféu é entregue durante todos os dias do evento, para aqueles que pior se comportaram nas últimas 24 horas. Confira, abaixo, quais foram as nações que já na primeira semana da COP18 foram “consagradas” pela iniciativa.

Nova Zelândia

Até agora, o país insular foi o campeão do Fóssil do Dia: em cinco dias de evento, ele já conseguiu receber quatro prêmios da CAN por seu mau desempenho nas negociações climáticas. Entre as principais críticas da organização à Nova Zelândia está o fato do país ter declarado, nesta COP, que não participará da segunda fase do Protocolo de Kyoto, que deve entrar em vigor em janeiro de 2013, já que o primeiro período do tratado vence em 31/12 deste ano.

Canadá

Empatado com os Estados Unidos, o país do Hemisfério Norte recebeu, até agora, três Fósseis do Dia na COP18 de Mudanças Climáticas. A nação, que já tem má fama por sua postura nesse tipo de conferência, pulou fora da renovação do Protocolo de Kyoto no ano passado, na COP17, e agora, além de não querer se comprometer com a redução de emissões de gases do efeito estufa, está se negando a participar de ações de financiamento para ajudar os países em desenvolvimento – como o Fundo Verde para o Clima e as Ações Nacionalmente Apropriadas de Mitigação (Namas).


O ministro do Meio Ambiente do país chegou a declarar, em coletiva de imprensa, que deixará claro nas reuniões da COP18 que os países em desenvolvimento não devem esperar mais dinheiro do Canadá para ações de financiamento porque “afinal de contas, a COP não é uma conferência de doações”.

Chocada com a declaração, a CAN respondeu: “Canadá, nós já desistimos de você há muito tempo, mas tínhamos esperanças de que, se você não iria fazer nada a respeito das suas emissões, pelo menos fizesse a sua parte para ajudar aqueles que sofrem com as consequências da sua poluição crescente”.

Estados Unidos

A “nação do Tio Sam” também já tem três Fósseis do Dia na bagagem. A principal crítica da CAN é o fato do país demonstrar, nos discursos, interesse em contribuir efetivamente para o combate às mudanças climáticas, mas nas mesas de negociação fugir de “medidas fortes e efetivas” que visam a redução de emissões de gases do efeito estufa.

Rússia

O país, que ocupa parte da Europa e da Ásia e está no grupo dos Hot Air – formado por nações que cumpriram além de suas metas no primeiro período de Kyoto, emitindo menos do que poderiam –, recebeu dois Fósseis do Dia até o momento. Nesta semana, após reuniões ministeriais, o governo russo confirmou que ficará de fora da segunda fase do Protocolo e, nos próximos dias, anunciará sua meta de redução de emissões, que não terá valor legal. A atitude foi considerada pela CAN uma falta de comprometimento com o combate às mudanças climáticas.


Polônia

A nação europeia vai levar para casa, por enquanto, um Fóssil do Dia, por conta de sua posição nas negociações a respeito da extensão do Protocolo de Kyoto. O país também faz parte do grupo dos Hot Air e defende que, por ter emitido menos do que poderia na primeira fase do tratado, agora tem o direito de usar essas emissões excedentes no segundo período do acordo.

A CAN está indignada com a postura do país: “Alô, Polônia, as emissões de carbono não conhecem fronteiras e assim ficará difícil de não ultrapassar o limite de 2ºC para o aumento da temperatura. Essa questão é um elemento-chave nas negociações”, afirmou. (Leia também: Rússia, Polônia e Ucrânia atrapalham negociação sobre extensão do Protocolo de Kyoto)

Japão

O país asiático também já tem um Fóssil do Dia. Por enquanto, a crítica da CAN à nação é uma só: não assinar a segunda fase do Protocolo de Kyoto. “Vocês querem fazer parte desse grupo de países de baixa ambição?”, questionou a organização no evento de entrega do prêmio.

Turquia

O país é, atualmente, o quarto maior investidor de carvão do mundo e não parece querer abandonar o negócio. Tanto que, em 2012, o governo de sua capital, Ancara, decretou o Ano do Carvão para incentivar o setor. No entanto, nesta COP, a nação está pedindo mais dinheiro dos países desenvolvidos para conseguir reduzir suas emissões. “É muita cara de pau. Apesar de trabalharem, praticamente, de forma invisível nas negociações e não chamarem muito a atenção, está mais do que na hora da Turquia ganhar um Fóssil do Dia”, declarou a CAN.

União Europeia

O bloco, que possui mais de 20 Estados-membros, já cumpriu a meta de 20% de redução nas suas emissões de gases do efeito estufa que havia proposto para 2020 e, por enquanto, não apresentou nenhum novo compromisso relacionado ao assunto. “Isso é ultrajante! O que eles planejam? Passar os próximos oito anos sem diminuir em nem 1% sua liberação de gases poluentes na atmosfera?”, questionou a CAN, que ainda ameaçou: “Ou a União Europeia muda rapidamente sua postura ou vai começar a chover Fósseis do Dia em sua mesa”. Por enquanto, o blocou levou um prêmio.

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