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Os dilemas do Papa com as minorias de Mianmar

ÀS SETE - Papa Francisco fez sua primeira visita a um país de maioria budista

PAPA CHEGA A MIANMAR: falar sobre os rohingyas pode colocar outra minoria em risco, a católica / Max Rossi/ Reuters

PAPA CHEGA A MIANMAR: falar sobre os rohingyas pode colocar outra minoria em risco, a católica / Max Rossi/ Reuters

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 06h49.

Última atualização em 28 de novembro de 2017 às 07h37.

O Papa Francisco continua sua viagem pela ilha de Mianmar nesta terça-feira, onde visita a minoria católica do país, composta por cerca de 400.000 fiéis.

É a primeira visita de um representante da igreja católica ao país do sudeste asiático e a primeira do Papa a um país de maioria budista.

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Falar com minorias é uma atitude simbólica do líder católico. Com diferenças no comando do país, dividido entre a chefe de Estado Aung San Suu Kyi e os militares, Mianmar passa desde o ano passado por uma limpeza étnico-religiosa da minoria muçulmana conhecida como Rohingya, promovida pelas forças armadas.

É esperado que o Papa, como uma das figuras diplomáticas que advoga pela paz, sinalize algum tipo de apoio ao grupo, que já conta com mais de 620.000 refugiados na vizinho Bangladesh.

Há denúncias de que as forças militares incendiaram vilas muçulmanas, atiraram na população e até promoveram estupros. Ontem, Francisco se encontrou com o general Min Aung Hlaing, comandante maior do exército, que está por trás da perseguição aos Rohingyas.

Em um post no Facebook, Hlaing escreveu que disse ao Papa que não há qualquer tipo de discriminação religiosa em Mianmar. Não ficou claro se os dois discutiram a questão dos Rohingyas durante a conversa.

O cardeal católico em Mianmar, Charles Maung Bo, fez um clamor ao Papa antes da visita: não diga “Rohingya”. Para o cardeal, o termo é polêmico e contestado e seria preferível que Francisco interceda em favor da população muçulmana “de uma maneira que não irá machucar ninguém”.

O próprio governo utiliza o termo “Bengali” para se referir à população. O próprio cardeal evita dizer o nome, referindo-se somente aos muçulmanos que sofrem no estado de Rakhine. O receio é que qualquer passo em falso possa colocar sob ameaça a também minoria católica em Mianmar.

Apesar da dominância política do exército, o Papa se encontra nesta terça-feira com a líder de fato do país, Aung San Suu Kyi e nos próximos dias com os refugiados.

Laureada com o prêmio Nobel da Paz em 1991, Suu Kyi é criticada por ser complacente com os ataques aos Rohingyas no oeste do país.

Mas ela, assim como o Papa, tem seu próprio impasse: a Constituição de Mianmar, escrita pelos militares, tira de suas mãos o controle das forças armadas, que detêm muito apoio no Parlamento. Sem falar na ambição do General Hlaing de ser o líder político do país.

Ainda assim, espera-se que Francisco use sua autoridade moral para, ao menos, apontar o dedo para uma das maiores crises humanitárias do planeta.

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