O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, discursa durante a reunião do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica na sede da agência em Viena, Áustria, em 3 de junho de 2024 (Askin Kiyagan/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 14h17.
A Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas (AIEA) demonstrou estrar extremamente preocupada com a segurança da usina nuclear de Kursk, por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia localizado na região.
"A usina foi colocada na linha de frente da guerra depois que uma incursão das forças de Kiev, que colocou o local dentro do alcance da artilharia", disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi em uma entrevista para a Bloomberg.
No mesmo momento, ele explicou que isso acontece por conta da estrutura local: "eles não têm uma cúpula protetora ao redor, apenas o teto normal, o que significa que o núcleo do reator fica bem exposto", apontando sua preocupação com o avanço das tropas e a proximidade de alcance da artilharia.
As duas unidades em operação em Kursk usam a mesma tecnologia chamada RBMK que derreteu durante o acidente de 1986 em Chernobyl. Ao contrário dos reatores nucleares modernos, as duas unidades que operam perto dos combates entre Rússia e Ucrânia não têm camadas extras de proteção para conter a radiação em caso de acidente.
O colapso de Chernobyl deixou uma zona de exclusão de 2.600 Km² na Ucrânia, onde o material radioativo de longa duração levará milhares de anos para se decompor.
Ao contrário dos colapsos de 2011 em Fukushima, Japão, onde a contenção secundária impediu amplamente que a radiação se espalhasse para a atmosfera, Chernobyl espalhou plumas de radiação por uma parte do território da Europa.
Grossi planeja visitar a usina de Kursk nos próximos dias e, em seguida, fazer uma viagem a Kiev, onde espera falar com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy.