ETA: a ETA dissolveu completamente todas as suas estruturas encerrou sua iniciativa política, diz a carta (Vincent West/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de maio de 2018 às 11h12.
Última atualização em 2 de maio de 2018 às 13h35.
Bilbao - A organização terrorista ETA anunciou em carta datada em 16 de abril e publicada nesta quarta-feira a decisão de encerrar seu ciclo histórico e dissolver completamente todas as suas estruturas.
Fontes de órgãos de combate ao terrorismo na Espanha afirmaram à Agência Efe que este não é o comunicado definitivo de dissolução do grupo terrorista esperado pelas autoridades.
Na carta, obtida pela Efe e enviada pela organização a várias instituições e políticos, o ETA informa a decisão de encerrar seu ciclo histórico, ressaltando que a dissolução foi acertada em um debate interno.
"Portanto, o ETA dissolveu completamente todas as suas estruturas e deu por terminada sua iniciativa política", diz a missiva.
Apesar de encerrar suas atividades, o ETA alerta que o conflito político não terminou, responsabilizando os governos de Espanha e França por alongarem o processo e, assim, o sofrimento.
"Como consequência da mudança estratégica de toda a esquerda abertzale, o ETA encerrou o processo iniciado em 2010, com a intenção de abrir um novo ciclo político em Euskal Herria (País Basco)", disse a organização na carta.
Segundo o ETA, a falta de vontade para solucionar o conflito e as oportunidades perdidas alongaram as disputas e "multiplicaram o sofrimento das diferentes partes". A organização, no entanto, reconhece a "dor provocada como consequência de sua luta".
Em 18 de abril, foi revelada a intenção do grupo, que colocava como data para o anúncio oficial o primeiro fim de semana de maio, depois que em outubro de 2011 foi anunciada a cessação definitiva de suas ações violentas.
Dois dias depois, em 20 de abril, a ETA reconhecia em comunicado o "dano causado" às vítimas - mais de 850 mortos - e pediu "perdão" aos mortos, embora só os que não estavam relacionadas "diretamente" com o que eles qualificam de "conflito".
O ato oficial de dissolução está previsto para 4 de maio na cidade de Cambo-les-Bains e será encerrado com a leitura de uma declaração por um "representante da comunidade internacional".
O anúncio da dissolução da ETA ocorre depois de quase 60 anos de existência, com mais de 850 mortos, e de um declínio da organização graças ao trabalho conjunto entre Espanha e França.
A ETA surgiu no final da década de 50, em plena ditadura de Francisco Franco, com o objetivo de conseguir a independência do País Basco através da violência terrorista.
O primeiro crime reconhecido pelo grupo foi a morte de um agente da Guarda Civil em 1968, e o último, de um guarda francês em 2010.