Venezuela: a HRW considera necessário que países-membros da OEA mantenha uma "supervisão estreita e continua" da situação (Carlos Garcia Rawlins / Reuters)
EFE
Publicado em 24 de outubro de 2016 às 14h52.
Washington - A organização Human Rights Watch (HRW) pediu nesta segunda-feira uma forte pressão internacional, em particular da América Latina, para que o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tome medidas imediatas para lidar com a profunda crise humanitária vivida pelo país.
"O governo venezuelano mostra mais contundência em negar a existência de uma crise humanitária do que em trabalhar para resolvê-la", disse o diretor para as Américas da HRW, José Miguel Vivanco, em um extenso relatório divulgado hoje.
Para elaborar o documento, no qual se denuncia a "grave escassez" de remédios e alimentos no país, assim como a "resposta inadequada e repressiva" do governo, a HRW entrevistou em junho mais de cem pessoas em Caracas e outros seis estados do país, visitando também vários hospitais públicos.
Segundo Vivanco, sem uma "forte pressão internacional", as "dramáticas consequências da crise humanitária que a Venezuela está enfrentando só podem piorar".
Por isso, no relatório de 67 páginas, a HRW considera necessário que os países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) mantenha uma "supervisão estreita e continua" da situação até que o governo de Maduro "mostre resultados" ao lidar com a crise.
Além disso, a HRW sugeriu que as agências humanitárias da ONU "deveriam publicar uma avaliação independente da magnitude e o impacto da escassez", assim como do que é preciso ser feito para solucionar os problemas que assolam a vida dos venezuelanos.
"O governo deve tomar medidas imediatas e urgentes para articular e realizar políticas eficazes para abordar a crise, incluindo pedidos de ajuda humanitária internacional", acrescenta a HRW, que pede também que Maduro "deixe de intimidar e castigar os críticos".
No relatório, a HRW destaca, além disso, que nos casos em que Maduro reconheceu a escassez a atribuiu a uma "guerra econômica" orquestrada contra o governo pela "oposição política, o setor privado e as potências estrangeiras".
Em sua pesquisa, a HRW cita uma pesquisa de agosto realizada por uma rede de mais de 200 médicos, que revelou que 76% dos hospitais públicos onde trabalhavam "careciam de remédios básicos".
A taxa de mortalidade materna durante os cinco primeiros meses de 2016, segundo o Ministério da Saúde da Venezuela, foi 79% maior do que os últimos números oficiais disponíveis, datados de 2009.
Quanto à escassez de alimentos, os pesquisadores da HRW foram testemunha de "longas filas" nos supermercados, que, "com frequência", ficam sem estoques antes de as pessoas poderem adquirir algo. EFE