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Organização mafiosa Cosa Nostra passa por um dos seus piores momentos

A máfia siciliana sequer gerencia completamente o tráfico de drogas na Sicília e teve que se aliar à 'Ndrangheta (a máfia da Calábria) para reabastecimento

Máfia italiana: após morte de líder da organização, polícia italiana prendeu 46 pessoas (iStock/Thinkstock)

Máfia italiana: após morte de líder da organização, polícia italiana prendeu 46 pessoas (iStock/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 18h25.

A prisão, na semana passada, de Settimino Mineo, o herdeiro do temido capo da "Cosa Nostra" Totò Riina, representa um duro golpe para a organização criminosa siciliana, que está passando por um dos momentos mais difíceis de sua história centenária, explicou à AFP o chefe antimáfia da Itália.

"A 'Cosa Nostra' está vivendo um momento muito difícil", disse o general de carabineiros Giuseppe Governale, chefe da Direção Investigadora Antimáfia (DIA).

A máfia siciliana "sequer gerencia completamente o tráfico de drogas na Sicília e teve que se aliar à 'Ndrangheta (a máfia da Calábria) para reabastecimento", aponta o especialista.

Em uma complexa operação para impedir a reorganização da temida máfia siciliana após a morte, no ano passado, do "capo" histórico Totò Riina, a polícia italiana prendeu 46 pessoas na semana passada, entre elas Mineo, um joalheiro de 80 anos, conhecido por sua lealdade à 'Cosa Nostra'.

A prisão ocorreu após uma reunião secreta, em 29 de maio, da cúpula da organização para estabelecer novas regras e resolver disputas entre as famílias.

Segundo os investigadores, essa foi a primeira reunião em 25 anos, desde a prisão de Riina em 1993, líder indiscutível mesmo quando estava na prisão, e tinha como objetivo reconstituir suas atividades no setor do narcotráfico e de apostas pelas internet.

Corleone contra Palermo

"Settimo Mineo é o líder de cerca de 15 clãs mafiosos da província de Palermo, e cada um deles dirige de duas a quatro famílias. Outros quatro padrinhos foram presos junto com vários capos de famílias. Portanto se tratou de uma operação muito importante", afirma o general Governale.

Segundo o promotor nacional antimáfia, Federico Cafiero de Raho, Mineo foi eleito porque representava a velha guarda, uma figura diplomática, que sempre foi mediadora, de modo que não gera disputas pelo poder dentro da organização.

Para os especialistas, depois do reinado violento de Riina, nascido em Corleone, um povoado situado 60 km ao sul de Palermo, os clãs da capital siciliana querem tomar as rédeas do poder.

"A 'Cosa Nostra' sempre teve um líder em Palermo, e quando os corleoneses tomaram o poder, foi um momento de conflito, alguns mafiosos fugiram e só agora estão começando a voltar", conta Governale.

"Os de Corleone se impuseram na década de 1960 com Luciano Liggio, depois chegaram seus discípulos, Totò Riina e Bernardo Provenzano", dois líderes históricos da 'Cosa Nostra'.

"Tinham sede de poder e estavam dispostos a tudo. Acabaram com os palermitanos graças à sua audácia e a seus métodos violentos", resume o general.

"A virulência dos mafiosos de Corleone era incrível, inclusive para os próprios capos palermitanos", afirma Governale.

A Itália, porém, se surpreendeu ao descobrir que Settimo era o novo padrinho, já que os meios de comunicação sempre apresentaram como herdeiro natural Matteo Messina Denaro, de 56 anos, amante das belas mulheres e do luxo, fugitivo há 25 anos.

"Foi uma pessoa importante nos anos 1980 e 1990. Agora tem que demonstrar suas capacidades operativas", afirma o general.

"A 'Cosa Nostra' está a anos-luz de considerar Matteo Messina Denaro como seu chefe", acrescenta.

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