Donald Trump ao sair de carro do hospital para acenar a apoiadores: presidente está internado desde sexta-feira, 2 (Graeme Sloan/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 5 de outubro de 2020 às 09h23.
Última atualização em 5 de outubro de 2020 às 11h28.
O coronavírus parece não ter impedido Donald Trump de tuitar. Ainda no hospital e sendo medicado por causa da covid-19, o presidente americano fez uma avalanche de postagens na manhã desta segunda-feira, 5, falando sobre as eleições e incentivando os eleitores a irem às urnas.
Foram mais de dez postagens seguidas, em letras garrafais, com argumentos a favor de sua candidatura. Trump citou dos mercados e economia à "lei e ordem".
BIGGEST TAX CUT EVER, AND ANOTHER ONE COMING. VOTE!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 5, 2020
STOCK MARKET HIGHS. VOTE!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 5, 2020
"O mercado de ações está em alta. Vote!", escreveu em um dos posts. "As forças armadas mais fortes da história. Vote!", disse em outro. "O maior corte de impostos da história, e outro vindo. Vote!", disse em outra postagem.
O fato de ser "Pró-vida" (contra o acesso ao aborto), a "força espacial" americana, "lutar contra a corrupção e a imprensa" e "salvar a Segunda Emenda" (a que garante acesso a armas à população) foram alguns dos outros temas citados pelo presidente.
As eleições americanas estão marcadas para 3 de novembro, mas, em muitos estados e entre quem vai votar pelo correio, os votos já começam a ser depositados semanas antes.
Hoje é também o último dia para que eleitores se cadastrem para votar em uma série de estados decisivos na eleição. Em outra postagem, a última da série de tuítes, o presidente (ou sua campanha responsável pelo Twitter) postaram um link para que eleitores se cadastrem. O voto nos EUA não é obrigatório.
A avalanche de tuítes acontece em meio a novas pesquisas que mostram o candidato democrata Joe Biden ampliando sua vantagem contra Trump.
Nova pesquisa do Wall Street Journal e da NBC divulgada neste domingo, 4 de outubro coloca Biden 14 pontos à frente (53% dos votos contra 39% de Trump). Na média das pesquisas divulgadas, compilada pelo Real Clear Politics, Biden está oito pontos à frente.
O democrata também tem vantagem, ainda que pequena, na maior parte dos estados decisivos onde Trump ganhou em 2016 -- até locais historicamente republicanos, como a Geórgia e o Arizona, têm pesquisas com Biden ligeiramente à frente ou empate.
O diagnóstico de coronavírus de Trump, que saiu na sexta-feira, 2, veio dias depois do primeiro debate com Biden, na última terça-feira. O dia do debate, inclusive, foi uma das datas em que Trump viajou com a assessora Hope Hicks, diagnosticada com coronavírus e que pode ter sido a responsável por transmitir a doença ao presidente.
O presidente Trump usou uma estratégia de interromper o adversário, e o debate foi marcado por pouca discussão de ideias. Trump também foi às redes sociais dizer que “venci o grande debate” e sua campanha não topou ainda mudar as regras que permitiram as interrupções frequentes.
Mas as pesquisas sobre o debate mostram uma ligeira vantagem de Biden. Sondagem da CBS mostrou que 48% dos espectadores consideraram Biden vencedor (ante 41% de Trump). Mas uma coisa foi certa: 8 em cada 10 espectadores consideraram o tom do debate negativo e ficaram incomodados.
O diagnóstico de Trump gerou um caos global na política e nas bolsas mundo afora. Há dúvidas sobre como fica a campanha eleitoral com o presidente em quarentena por pelo menos duas semanas, além das preocupações sobre seu estado de saúde.