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Opositor de Maduro, González vai de casa em casa para se proteger na Venezuela, diz seu advogado

Na visão de representantes do governo Lula, a decisão do Judiciário venezuelano 'fechou uma janela de oportunidade para uma negociação' entre Maduro e a oposição

O candidato da aliança opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD), Edmundo González Urrutia, em Caracas, em 18 de junho de 2024 (AFP/AFP)

O candidato da aliança opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD), Edmundo González Urrutia, em Caracas, em 18 de junho de 2024 (AFP/AFP)

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 12h24.

Última atualização em 3 de setembro de 2024 às 12h28.

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José Vicente Haro, advogado de Edmundo González Urrutia, afirmou a La W Radio que o candidato opositor, que na segunda-feira, 2, virou alvo de uma ordem de prisão depois ignorar três intimações para depor, “tem que ir de casa em casa para resguardar sua vida" na Venezuela.

fontes em Caracas afirmaram que o candidato presidencial está escondido em uma embaixada mas, segundo fontes do governo brasileiro, não está na missão do Brasil. As opções entre os países latino-americanos são poucas, já que após as eleições presidenciais a Venezuela rompeu relações com vários de seus vizinhos na região. Analistas e jornalistas venezuelanos especulam que o candidato opositor pode estar em uma embaixada europeia.

A oposição aponta González como vencedor das eleições com base em cópias de atas que disse ter tido acesso e que publicou em um site, mas o chavismo descreve o material como forjado. O candidato é acusado de usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência às leis, conspiração, "sabotagem de danos aos sistemas (sic)" e associação no pedido de prisão entregue pelo promotor Luis Ernesto Dueñez, encarregago da 58ª Promotoria Nacional, ao Primeiro Tribunal Especial de Primeira Instância, com jurisdição sobre casos de terrorismo.

Para autoridades brasileiras, a ordem de prisão emitida pelo Ministério Público da Venezuela contra González “fecha a janela de oportunidade para uma negociação” entre o regime comandado por Nicolás Maduro e a oposição, avaliando que a situação política no país é “grave”. Está previsto um pronunciamento do Brasil ainda nesta terça-feira, provavelmente por meio do Itamaraty.

Ficar em silêncio, comentou uma das fontes consultadas, “não é uma opção, já que somos observadores do Acordo de Barbados (selado em novembro do ano passado entre Maduro e um setor da oposição)”. A ideia é redigir um texto que “fique na dimensão política” da situação, “sem entrar no mérito da decisão judicial”.

Em momentos em que o governo brasileiro defende a atuação do Supremo Tribunal federal (STF) em sua disputa com o magnata Elon Musk, opinar sobre uma decisão do Judiciário de outro país é vista como “perigosa”. O comunicado deverá, portanto, centrar-se na sinalização política negativa que representa ordenar a prisão de um candidato presidencial no atual contexto político venezuelano, no qual grande parte da comunidade internacional não reconheceu o resultado da eleição de 28 de julho divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e ratificado pelo Tribunal Supremo de Justiça do país.

Sem comunicação

Depois de mais de um mês de esforços para buscar a abertura de um espaço que viabilize uma eventual mediação dos governos de Brasil e Colômbia entre Maduro e a oposição liderada por María Corina Machado, a notícia sobre a ordem de prisão contra González aprofundou um clima de enorme preocupação no governo Lula. O Brasil acompanha com atenção o recrudescimento da repressão por parte do regime venezuelano, e, acrescentou uma das fontes consultadas fonte, vê como “muito difícil” uma comunicação entre Lula e Maduro nos próximos tempos. “Não está no radar”, frisou uma das fontes.

O presidente venezuelano, comentou outra fonte, “não está disposto a ouvir”. Em outras épocas, o Brasil tinha influência na Venezuela e acesso privilegiado ao ex-presidente Hugo Chávez, algo que funcionários do atual governo Lula lembram com frequência. A situação atual confirma que essa influência atualmente é mínima. “Chávez ouvia, Maduro não ouve”, frisou uma das fontes.

Brasil e Colômbia continuam em contato fluente para conversar sobre a crise venezuelana, sobretudo através de suas chancelarias. Os ministros das Relações Exteriores Mauro Vieira e Gilberto Murillo poderiam se falar novamente nesta terça para analisar os últimos capítulos da crise. O Itamaraty também mantém contados há vários meses com María Corina, que, apesar de liderar protestos em Caracas todas as semanas, está “resguardada" em algum lugar da cidade mantido em segredo.

O governo Lula também poderia se pronunciar, talvez numa nota separada, sobre a apreensão do avião de Maduro por parte dos Estados Unidos na República Dominicana. O Brasil é contra sanções, e a apreensão da aeronave foi possível justamente graças às sanções aplicadas pelos EUA contra a Venezuela.

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