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Oposição venezuelana volta às ruas contra Constituinte de Maduro

Presidente da Venezuela convocou na segunda-feira uma Assembleia Constituinte "popular", cujos 500 membros serão eleitos por setores sociais e municípios

Nicolás Maduro: para alguns analistas, a convocação da Constituinte por Maduro pode piorar o conflito (Miraflores Palace/Handout/Reuters)

Nicolás Maduro: para alguns analistas, a convocação da Constituinte por Maduro pode piorar o conflito (Miraflores Palace/Handout/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de maio de 2017 às 09h23.

A oposição venezuelana tomará novamente as ruas nesta quarta-feira, desta vez para protestar contra a convocação do presidente Nicolás Maduro de uma Assembleia Constituinte, considerada por ela uma "fraude" para evitar eleições e se reforçar no poder.

Sob o lema "Contra a fraude constituinte", a liderança opositora convocou seus seguidores a se concentrar em uma estrada estratégica no leste de Caracas para posteriormente marchar rumo a um local que não quis revelar.

"Todas as ditaduras caem. Esta pantomima que deseja convocar não pode tirar nossa maior força: o povo na rua", declarou Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, único poder do Estado controlado pela oposição.

Pressionado após um mês de protestos opositores que exigiam eleições gerais, Maduro convocou na segunda-feira uma Assembleia Nacional Constituinte "popular", cujos 500 membros da assembleia serão eleitos por setores sociais e municípios.

"É uma fraude madurista. Como não podem vencer as eleições, querem impor o modelo eleitoral cubano para permanecer no poder", afirmou o líder da oposição Henrique Capriles, ao encorajar seus seguidores a protestar.

Nenhuma das marchas realizadas pela oposição desde 1º de abril conseguiu chegar ao centro de Caracas - onde se localizam as sedes dos poderes públicos - já que são bloqueadas e dispersadas com gás lacrimogêneo pelas forças de segurança.

Os protestos acontecem em meio a uma grave crise econômica que minou a popularidade de Maduro, cuja gestão é rejeitada, segundo pesquisas privadas, por mais de 70% dos venezuelanos, cansados da escassez de alimentos e medicamentos, da inflação mais alta do mundo e da criminalidade.

- "Uma Constituinte de paz" -

Vinte e nove pessoas morreram e centenas ficaram feridas em incidentes violentos vinculados aos protestos (confrontos entre manifestantes e forças de segurança, tiroteios e saques), pelos quais governo e oposição se acusam mutuamente.

"A oposição decidiu ir para o extremismo. Hoje estão na fase de passar a uma insurgência armada e ante esta grave circunstância o único caminho para garantir a paz é uma Assembleia Nacional Constituinte", disse Maduro na noite de terça-feira.

O líder socialista disse ter feito tudo por um diálogo, mas os opositores "se negaram mil vezes". "Estendo a eles uma mão salvadora para que venham à Constituinte da paz", acrescentou.

Mas, para alguns analistas, a convocação de Maduro pode piorar o conflito, que já desperta grande preocupação na comunidade internacional.

Argentina, Chile e Estados Unidos consideraram que a Constituinte agravará a crise. O Brasil a classificou de "golpe" e Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) - da qual a Venezuela iniciou sua saída - de "fraudulenta".

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