Síria: "As ações do regime e da Rússia ameaçam gravemente o processo político", disse Farah Atassi, membro da oposição (REUTERS/Khalil Ashawi)
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2016 às 12h59.
Genebra - A Comissão Suprema das Negociações (CSN), a principal delegação da oposição síria, acusou o regime de Bashar al Assad e à Rússia nesta terça-feira de ameaçar as negociações de paz que acontecem em Genebra.
"As ações do regime e da Rússia ameaçam gravemente o processo político", disse Farah Atassi, membro da oposição, em comunicado.
Ela acusou o regime e às forças russas que o apoiam de aumentar recentemente as ações em Homs e em Aleppo.
"Ontem à noite e hoje, recebemos relatórios de uma aceleração em massa da agressão militar do regime e da Rússia em Aleppo e em Homs, incluindo ataques em hospitais e em infraestrutura importantes. Os sírios estão fugindo desesperadamente desta situação. Precisamos que a comunidade internacional intervenha com a Rússia para deter estes bombardeios indiscriminados", denunciou a representante opositora.
Uma grande delegação da Comissão está em Genebra desde sábado para participar das negociações de paz sobre o conflito sírio que a Organização das Nações Unidas (ONU) intermedia.
O mediador, Staffan De Mistura, anunciou ontem à noite que o processo tinha "oficialmente" iniciado, mas o chefe da delegação governamental, Bashar Jaafari, disse hoje que a conferência não começou e que ainda estava em fase preparatória.
No comunicado, a oposição também fez referência ao fato de a conferência não ter começado ao lembrar que "seu objetivo" é assegurar a imediata implementação da resolução 2.254 do Conselho de Segurança "antes que comecem as negociações".
A oposição demanda desde antes de chegar a Genebra a aplicação dos artigos 12 e 13 da resolução 2.254 do Conselho de Segurança da ONU, que pede a permissão de acesso a todas as agências humanitárias para assistir à população, sobretudo em áreas assediadas na Síria, e o fim dos ataques indiscriminados a civis.
Farah lembrou que De Mistura indicou em inúmeras ocasiões que a aplicação da resolução não deve ser negociada, mas, sim, aplicada.
"A atual situação demonstra que o regime e seus aliados - em particular Rússia - estão decididos a rejeitar os esforços da ONU para implementar a lei internacional", disse.
Perante esta situação, Farah solicitou "à comunidade internacional que dê passos imediatos, claros e sérios para assegurar a credibilidade do processo".