O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, durante posse de Nicolás Maduro: Cabello afirmou que o chavismo tem uma "unidade monolítica" (Leo Ramirez/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2013 às 07h53.
Caracas - A oposição venezuelana divulgou nesta segunda-feira uma gravação de áudio que revelaria uma conspiração dentro do "chavismo" contra o presidente Nicolás Maduro, liderada pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que também estaria envolvido em casos de corrupção.
Em reação, Cabello exigiu que a oposição apresente "provas" contra ele e afirmou que o chavismo tem uma "unidade monolítica", após aparecer ao lado de Maduro no palácio de Miraflores.
A gravação reproduz uma suposta conversa de mais de uma hora entre o conhecido apresentador de televisão "chavista" Mario Silva e Aramis Palacios, apresentado como um dos altos chefes do serviço de inteligência cubano (G2), e foi divulgada pelo deputado opositor Ismael García.
O registro de áudio estaria destinado ao presidente cubano, Raúl Castro, segundo García.
No áudio, Silva explica que Cabello, um ex-tenente que participou junto com o falecido Hugo Chávez do fracassado golpe de Estado de 1992, controla vários corpos de segurança, entre eles o Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), e que o que "interessa a ele são o dinheiro e o poder".
"A única forma de deter Diosdado é que fique provado que é um corrupto e que exista uma prova confiável de que o Comandante (Chávez) sabia disso", adverte Silva.
Para o jornalista, Maduro está em uma "armadilha" e corre o risco de perder o controle das Forças Armadas para os seguidores de Cabello, o que pode desencadear um golpe de Estado.
"Têm que se sentar com Maduro e dizer a ele as coisas. Quase disse a Maduro (que) há uma conspiração, mas não sei qual vai ser a sua reação, pode ser contraproducente", afirmou Silva ao suposto membro do G2.
Silva advertiu também para divisões entre os militares e para uma suposta desconfiança da esposa de Maduro, Cilia Flores, em relação ao ministro da Defesa, Diego Molero, por acreditar que este pretende "dar um golpe de Estado, porque isso é o que estão dizendo".
O apresentador também acusa o presidente da Assembleia Nacional de corrupção e de lavagem de dinheiro através "de empresas de fachada" e adverte: "há ministros aqui que não sabem sequer o que fazer e o mais provável é que estejam roubando, Palacios, porque acham que isto vai desmoronar", referindo-se ao projeto "chavista".
O apresentador afirma na gravação que Cabello tem duas fontes principais de financiamento: o Cadivi (órgão de administração de divisas) e o Seniat (arrecadação de impostos).
De acordo com Silva, o próprio Cabello "entregou" o slogan "Maduro não é Chávez" para a oposição, que o usou amplamente desde a morte do presidente, no dia 5 de março, vítima de câncer.
Finalmente, Silva diz temer por sua vida por "saber de muita merda" e revela ter escapado de uma tentativa de assassinato: "descobrimos dois (matadores) e pum, pam, resolvemos...".
No Twitter, Silva afirmou nesta segunda-feira que o áudio é uma "montagem" e disse que em breve se pronunciará.
Cabello reagiu à apresentação do áudio com um tuite: ""União, Luta, Batalha e Vitória" Chavez Dic12", escreveu, lembrando as palavras do falecido presidente.
O líder da oposição, Henrique Capriles, disse que a gravação revela "a podridão" do governo e a ingerência dos dirigentes cubanos nos assuntos da Venezuela.