"Não é um Governo de transição", enfatizou porta-voz da coalizão (John Moore/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2011 às 14h43.
Benghazi/Líbia - As forças de oposição líbias anunciaram neste domingo sua intenção de criar um Conselho Nacional com representantes de todas as zonas do país livres do controle político do ditador Muammar Kadafi.
Abdelhafiz Hoga, porta-voz da chamada Coalizão Revolucionária do 17 de Fevereiro, afirmou em Benghazi, segunda maior cidade do país e controlada pela oposição, que a missão desse conselho será "dirigir o processo de transição".
"Não é um Governo de transição. Trata-se de um Conselho Nacional que terá sua sede em Benghazi, porque Trípoli não está livre", enfatizou o porta-voz da coalizão, que coordena as ações políticas nas diversas cidades ocupadas pelos oposicionistas do regime de Kadafi.
Hoga não mencionou quem será o presidente desse órgão nem por quantos membros ele será integrado, mas assinalou que o conselho está agora em processo de formação e que incluirá representantes de todas as cidades.
A oposição líbia garantiu o controle da região oriental da Líbia, inclusive de Benghazi, mas também de outras cidades mais próximas à capital, Trípoli, reduto de Kadafi.
"Assim que os conselhos locais tiverem conseguido estabelecer a segurança nas diversas cidades livres, o Conselho Nacional terá um trabalho político e se encarregará de dirigir o processo de transição", acrescentou o porta-voz.
Hoga foi perguntado sobre o anúncio feito no sábado à noite pelo ex-ministro da Justiça líbio Mustafa Mohamed Abud Al Jeleil, quem afirmou que a oposição formará um Governo de união nacional integrado por civis e militares, e antecipou em três meses as eleições.
"Ele é responsável do que diz. É seu ponto de vista, não o da coalizão", afirmou o porta-voz, afastando-se claramente da iniciativa lançada por Abud Al Jeleil, quem renunciou como titular de Justiça por causa da sangrenta repressão dos protestos populares no país.
"Como serão realizadas eleições em três meses se Trípoli não está libertada?", perguntou-se o porta-voz da coalizão. "Essa será uma questão que será analisada mais adiante".