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Oposição faz novos protestos na Venezuela neste sábado

Para os apoiadores do presidente Nicolás Maduro, hoje é o aniversário de 20 anos do governo de Hugo Chávez

Juan Guaidó (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Juan Guaidó (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de fevereiro de 2019 às 09h31.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2019 às 10h30.

Os opositores venezuelanos, liderados pelo autoproclamado presidente interino Juan Guaidó, vão desafiar o presidente Nicolás Maduro neste sábado (2) para exigir que ele deixe o poder, justamente na comemoração simbólica do 20º aniversário do governo chavista.

Às 10h00, horário local (12h00 de Brasília), manifestações oficialistas e opositoras foram convocadas num clima de alta tensão, com um chefe de Estado desconhecido por parte da comunidade internacional e um opositor que recebeu o apoio dos Estados Unidos, da América Latina e de potências europeias.

A marcha da oposição enviará "uma mensagem à União Europeia (UE)" para agradecer "a todos os países que em breve vão nos reconhecer", declarou o líder parlamentar, que se autoproclamou presidente em 23 de janeiro, mudando a paisagem política da crise venezuelana.

Os opositores, que vão se reunir em frente à sede da UE no leste de Caracas, vão sair em passeata em apoio ao ultimato dado a Maduro pela França, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda para aceitar "eleições livres".

Guaidó, de 35 anos, se autoproclamou presidente depois que a Assembleia Nacional declarou Maduro "usurpador" após assumir, em 10 de janeiro, um segundo mandato considerado ilegítimo por ser resultado de eleições "fraudulentas".

Mas Maduro, 21 anos mais velho que seu adversário, conta com a China e a Rússia e diz ser vítima de um golpe de Estado, no qual Washington usa Guaidó como "fantoche".

No entanto, Guaidó, falando neste sábado ao South China Morning Post, estendeu a mão para a China, prometendo cumprir os acordos bilaterais e garantindo que está disposto a iniciar o diálogo com Pequim "o mais rapidamente possível".

Com a clara intenção de manter contato com todas as partes, o ministério chinês das Relações Exteriores indicou na sexta-feira que China e Venezuela "cooperam pragmaticamente há muito tempo" e que, "independentemente da evolução da situação, essa relação não será afetada".

Risco de violência

"Rua e mais rua para defender a pátria e a revolução", lançou Maduro a seus seguidores, que estarão concentrados na Plaza Bolivar, no coração de Caracas, a 10 km da sede da UE.

A tensão aumenta a cada nova convocação de manifestação. Quarenta pessoas foram mortas e mais de 850 detidas, de acordo com a ONU, desde o início das mobilizações, em 21 de janeiro. Em 2014 e 2017, duas ondas de protestos mataram cerca de 200 pessoas.

A Venezuela sofre a pior crise de sua história moderna, com falta de alimentos e remédios, além de uma hiperinflação, que o FMI projeta em 10.000.000% para este ano. A situação fez disparar a migração, estimada em cerca de 2,3 milhões de venezuelanos desde 2015, segundo a ONU.

Lenis Carrillo, de 43 anos, diz "sentir outro ar" com Guaidó. "Temos que continuar até que a ditadura caia, porque as pessoas estão morrendo de fome".

Maduro, apoiado pelas Forças Armadas, assegura que desde que o líder socialista Hugo Chávez chegou ao poder, em 1999, a revolução cuidou dos pobres com programas sociais.

"O governo me deu a oportunidade de ter uma casa. Nós ainda temos fé na revolução", disse à AFP Rodolfo Pariata, de 47 anos.

Guaidó pretende quebrar a lealdade dos militares com uma anistia se eles cooperarem com um "governo de transição".

Em seu "Plano País", Guaidó propõe a entrada de ajuda humanitária, melhorar os serviços públicos, reduzir a hiperinflação, uma nova política monetária e renegociar a dívida externa de cerca de 150 bilhões de dólares.

Maduro, por outro lado, culpa a direita e as sanções dos Estados Unidos pela crise, rejeita a ajuda humanitária como porta para uma intervenção militar e promete "prosperidade", ainda que com o mesmo modelo econômico de controle estatal.

Pressão internacional

A comunidade internacional, com os Estados Unidos à frente, pendeu a balança neste conflito de poderes que começou no final de 2015, quando a oposição assumiu o controle do Parlamento.

Os Estados Unidos não descartam ações militares ou sanções adicionais; enquanto a Europa aumenta seu apoio a Guaidó.

Na última quinta-feira, o Parlamento Europeu reconheceu Guaidó como presidente interino, pressionando a UE.

À procura de uma saída para a crise, a UE irá criar um grupo de contacto de países europeus e latino-americanos por um período de "90 dias", enquanto México e Uruguai convocaram uma conferência internacional para "países neutros" em 7 de fevereiro em Montevidéu.

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