Mariano Rajoy: moção de não-confiança, usada apenas duas vezes desde a morte de Franco, faria com que ele ou um representante tivesse que ir ao Parlamento para se defender (REUTERS/Sergio Perez)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2013 às 12h21.
Madri - A oposição espanhola disse nesta terça-feira que vai convocar uma votação simbólica de não confiança contra o primeiro-ministro Mariano Rajoy, que recusou-se a comparecer perante o Parlamento para responder a questionamentos sobre um escândalo de financiamento de seu partido.
O Partido Popular (PP), de Rajoy, de centro-direita, tem maioria absoluta no Parlamento e, a menos que houvesse deserções significativas de membros do seu partido, sobreviveria a uma votação.
Mas uma moção de não-confiança, usada apenas duas vezes desde a morte do ditador Francisco Franco, em 1975, faria com que Rajoy ou um representante tivesse que ir ao Parlamento para se defender.
Até recentemente Rajoy conseguiu limitar o impacto do escândalo, que envolve alegadas doações ilegais feitas por magnatas da construção, supostamente distribuídas como pagamentos em dinheiro aos líderes partidários em troca de contratos.
Na segunda-feira, Rajoy rejeitou os apelos por sua renúncia por causa do escândalo e disse que não iria ceder a "chantagem".
Enfrentando crescente pressão dentro do PP sobre o tratamento que dá ao caso, o premiê disse que iria continuar a aplicar seu programa político até 2015, e não planejava convocar eleições antecipadas.
Mas a pressão de outros grupos políticos se acumula.
"Eu sei que não temos assentos suficientes (para ganhar um voto de não confiança), mas quero que ele compareça perante esta câmara", disse o líder socialista Alfredo Pérez Rubalcaba, em um discurso aos parlamentares de seu partido.
Em uma reunião da comissão permanente do Parlamento nesta terça-feira, o PP rejeitou novos pedidos da oposição para que Rajoy compareça a uma audiência no Senado.
O comitê está marcado para discutir em 24 de julho uma possível ida de Rajoy à Câmara dos Deputados. Dependendo dos resultados das negociações, os socialistas levarão adiante sua ameaça.
No centro do caso está o ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas, de 55 anos, que foi preso em junho acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e outros crimes.
Ele diz ter pago 90 mil euros em dinheiro a Rajoy e à secretária-geral do partido, Maria Dolores Cospedal, em 2009 e 2010 -- alegação negada por Rajoy.